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Jihadistas ligados à Al-Qaeda avançam na cidade síria de Raqa

A guerra entre rebeldes islamitas e jihadistas do EIIL causou a morte de quase 500 pessoas em uma semana no norte da Síria, indicou nesta sexta-feira o OSDH

Agência France-Presse
postado em 10/01/2014 10:46
Beirute - Os jihadistas ligados à Al-Qaeda conseguiram importantes avanços ante os rebeldes em seu reduto de Raqa, mas perderam terreno em outras províncias do norte da Síria, principalmente em Allepo e Idleb, informaram ativistas nesta sexta-feira.

"Nas províncias de Idleb e Allepo, o Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) avança, mas em Raqa o Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), vinculado à Al-Qaeda, ganha terreno dado que suas vias de abastecimento (do Iraque) estão abertas", explicou Alaaedine, um ativista em Allepo.

"Praticamente não há bases do EIIL em Idleb, como na cidade de Aleppo e no oeste da província" de mesmo nome, perto da fronteira turca, explicou à AFP via internet.

Mas em Raqa, que caiu nas mãos do EIIL pouco depois de as forças do governo perderem o controle da capital da província, "o EIIL assumiu o controle do bairro de Mashlab e de uma base da Frente Al-Nosra", quinta-feira à noite, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). O EIIL é um grupo que surgiu da Al-Qaeda no Iraque, e que fez sua primeira incursão no conflito sírio na primavera passada.

[SAIBAMAIS]

Em um primeiro momento, os rebeldes acolheram favoravelmente esses jihadistas, mas os abusos e tentativas de hegemonia do EIIL fizeram com que 90% das pessoas se virasse contra esse grupo, destacou Alaaedine.

Vários movimentos rebeldes, inclusive islâmicos, lançaram uma ofensiva na semana passada contra o EIIL. A Frente Al-Nosra, também filiada à Al-Qaeda, se uniu aos combates contra o EIIL em Raqa.

A guerra entre rebeldes islamitas e jihadistas do EIIL causou a morte de quase 500 pessoas em uma semana no norte da Síria, indicou nesta sexta-feira o OSDH.

"Nós contabilizamos 482 pessoas mortas em meio aos combates: 240 membros das brigadas rebeldes, 157 combatentes do EIIL e 85 civis", afirmou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório.

A população civil também tem sofrido as consequências desses confrontos, segundo Alaaedine. "Na cidade de Aleppo, as pessoas estão trancadas em casa, sem poder ir buscar medicamentos ou alimentos (...). Em Raqa a situação é ainda pior". As forças aéreas bombardearam vários bairros rebeldes da cidade, de acordo com o OSDH.

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Ao mesmo tempo, foram registrados combates entre rebeldes e forças do regime, incluindo combatentes libaneses do Hezbollah nas cidades de Taqarine e Tal al-Sheikh Yussef, na província de Aleppo, de acordo com a mesma fonte.

A guerra na Síria deixou mais de 130.000 mortos desde março de 2011, de acordo com o OSDH, e milhões de refugiados e pessoas deslocadas, de acordo com a ONU.

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