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Índia pede aos EUA que retirem membro de embaixada em Nova Délhi

O pedido intensifica a disputa entre os dois países; há um mês, uma diplomata indiana foi presa em Nova York

Agência France-Presse
postado em 10/01/2014 10:57

Nova Délhi -

A Índia pediu aos Estados Unidos nesta sexta-feira a retirada de um funcionário da embaixada americana em Nova Délhi, intensificando a disputa entre ambos os países, depois que a diplomata indiana Devyani Khobragade detida há um mês em Nova York foi repatriada.

Enquanto isso, o Departamento de Estado disse esperar, também nesta sexta, que o mal-estar com a Índia termine e admitiu que a relação bilateral passou por um momento delicado.

A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, voltou a manifestar nesta sexta que as acusações contra Khobragade foram mantidas, e que ela não será autorizada a voltar aos Estados Unidos, se não se comprometer com sua apresentação à Justiça americana.

"Isso representou, claramente, um momento difícil na relação entre Estados Unidos e Índia", disse a assessora.

"Esperamos que esse momento chegue ao fim, e que os indianos tomem medidas significativas para melhorar a relação" com Washington, acrescentou.



A Índia pediu aos Estados Unidos nesta sexta-feira a retirada de um funcionário da embaixada americana em Nova Délhi, intensificando a disputa entre ambos os países, depois que a diplomata indiana Devyani Khobragade detida há um mês em Nova York foi repatriada.

Enquanto isso, o Departamento de Estado disse esperar, também nesta sexta, que o mal-estar com a Índia termine e admitiu que a relação bilateral passou por um momento delicado.

A porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, voltou a manifestar nesta sexta que as acusações contra Khobragade foram mantidas, e que ela não será autorizada a voltar aos Estados Unidos, se não se comprometer com sua apresentação à Justiça americana. "Isso representou, claramente, um momento difícil na relação entre Estados Unidos e Índia", disse a assessora.

"Esperamos que esse momento chegue ao fim, e que os indianos tomem medidas significativas para melhorar a relação" com Washington, acrescentou.

Os vínculos entre ambos os países estão em crise desde que a vice-consulesa indiana em Nova York foi detida em 12 de dezembro e permaneceu em detenção por 48 horas.

Nesta sexta, o Ministério indiano das Relações Exteriores confirmou que Khobragade deixou os Estados Unidos, apesar de ter sido denunciada formalmente pela Justiça americana na véspera.

Devyani desembarcou em Nova Délhi nesta sexta, depois que ambos os países chegaram a um acordo, por meio do qual foi reconhecida a imunidade diplomática plena da vice-consulesa.Khobragade chegou ao aeroporto internacional Indira Gandhi, às 22h30 (15h30 de Brasília), informou seu pai, consultado por jornalistas.

Depois da viagem da vice-consulesa, um alto funcionário da Chancelaria indiana afirmou que Nova Délhi havia pedido aos Estados Unidos que retirassem um diplomata de "nível similar" ao de Khobragade.

"Acredita-se que essa pessoa esteja envolvida (...) no procedimento", acrescentou, sem dar mais detalhes. Justiça americana acusa Khobragade de pagar sua empregada doméstica indiana abaixo dos padrões americanos e de ter mentido e apresentado documentos falsos para que a funcionária pudesse obter um visto de trabalho.

O tratamento sofrido pela vice-consulesa, detida quando deixava os filhos na escola e revistada até em suas "cavidades corporais", deflagrou a ira das autoridades indianas.

Segundo declarações de um porta-voz da Chancelaria indiana mais cedo nesta sexta, "Devyani Khobragade obteve dos Estados Unidos um visto G1 que lhe concede imunidade diplomática total. Ela está sendo repatriada pela Índia. Agora, está no avião".

Poucas horas antes, a vice-consulesa havia sido denunciada por um grande júri de fraude de visto e de prestar declaração falsa.

Na Índia, Khobragade foi considerada vítima de um tratamento humilhante por parte da polícia americana. O governo indiano respondeu à sua detenção com uma série de medidas de represália, entre elas, a retirada de documentos de identidade emitidos para funcionários da diplomacia americana, o bloqueio das importações de bens - sobretudo de bebidas destinadas à embaixada americana - e a retirada da barricadas de proteção ao redor da sede diplomática dos EUA em Nova Délhi.

Já os Estados Unidos mostraram pouca complacência com uma mulher suspeita de ter explorado uma empregada indiana vulnerável e de ter mentido sobre suas condições salariais para poder levá-la para esse país. Poucas empregadas domésticas têm um contrato na Índia, e muitas delas sofrem maus tratos.

A ata de acusação divulgada na quinta-feira acusa Khobragade, que confiscou o passaporte da empregada Sangeeta Richards, de "tê-la pago mal e tê-la explorado ilegalmente".

A vice-consulesa é acusada de ter enviado em novembro de 2012 um pedido de visto para essa funcionária, estipulando que pagaria a ela US$ 4.500 por mês. Na realidade, ela já havia acertado na Índia que pagaria 30.000 rúpias mensais (em torno de US$ 573) a Sangeeta, por trabalhar de 37,5 a 41,5 horas por semana. O valor é muito abaixo do piso legal pago nos Estados Unidos.

Khobragade fez um falso contrato de trabalho com a empregada e lhe pediu que mentisse sobre seu salário na entrevista para conseguir o visto de entrada nos Estados Unidos.

Quando chegou aos Estados Unidos, a empregada teria sido forçada a trabalhar mais de 100 horas por semana, sem um único dia de folga. Isso significa que ela ganhava pouco mais de US$ 1 por hora. Em junho de 2013, ela fugiu. Sua família na Índia foi submetida a uma forte pressão para que ela voltasse e não contasse o que havia acontecido.

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