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Estados Unidos e Cuba seguirão dialogando sem normalizar relações

Em entrevista coletiva em Havana, Lee admitiu que "há intercâmbios com o governo cubano nestas áreas que são muito frutíferos", mas também existem divergências "em temas muito importantes"

Agência France-Presse
postado em 10/01/2014 21:00
Estados Unidos e Cuba fecharam um ciclo de diálogo migratório com o compromisso de seguir trabalhando em vários assuntos de interesse comum, mas deixaram claro nesta sexta-feira (10/1) que estão longe de superar suas velhas disputas da Guerra Fria.

"O presidente (Barack) Obama e o secretário de Estado (John) Kerry insistiram em expressar que os Estados Unidos querem uma nova relação com Cuba", mas primeiro Havana deve respeitar as liberdades civis, disse o chefe da delegação americana no diálogo, Edward Alex Lee.

"Neste meio tempo, estamos dispostos (...) a trabalhar em áreas de interesse nacional de ambos países", como migração, luta contra o tráfico de drogas e de pessoas e defesa do meio ambiente marinho, revelou Lee, subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental.

Em entrevista coletiva em Havana, Lee admitiu que "há intercâmbios com o governo cubano nestas áreas que são muito frutíferos", mas também existem divergências "em temas muito importantes".

Lee recordou que as duas partes "mantiveram conversações bastante maduras (...) sobre o estabelecimento de um serviço direto dos correios", eliminado em 1962 deviso ao embargo americano sobre a ilha comunista.

O funcionário qualificou ainda de "passo muito importante" a reforma migratória em vigor há um ano em Cuba, que elevou a mais de 32 mil o número de vistos de turismo e trabalho concedidos pelo consulado americano em Havana em 2013, o dobro do ano precedente.



Mas Lee advertiu que persistem "discrepâncias de pontos de vista em algumas áreas muito importantes", como o caso do empreiteiro americano preso em Cuba Alan Gross e a falta de liberdade na Ilha.

Gross, 64 anos, foi detido em Cuba em dezembro de 2009 e acabou condenado a 15 anos de prisão por distribuir equipamentos de comunicação por satélite a grupos religiosos cubanos por encomenda de uma empresa americana contratada pelo departamento de Estado.

Segundo Lee, para os Estados Unidos "é fundamental que haja uma mudança de atitude do governo cubano em relação a sua própria gente, que dê liberdade de expressão, mesmo quando não concordem com o governo".

Este foi o segundo ciclo de conversações entre Estados Unidos e Cuba desde a retomada do diálogo migratório, em julho de 2013, em Washington, após a suspensão dos contatos por parte dos Estados Unidos, em 2011, devido ao caso Gross.

A próxima rodada de conversações migratórias entre os dois países - que não mantêm relações diplomáticas desde 1961 - ocorrerá em Washington, provavelmente no verão boreal, disse Lee.

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