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Cidade iraquinana retoma a rotina, parcialmente ocupada por rebeldes

Carros blindados e tanques foram mobilizados nas divisas de alguns bairros de Ramadi, onde muitos trabalhadores voltavam para casa neste domingo

Agência France-Presse
postado em 12/01/2014 13:57
Ramadi - Apesar de permanecer parcialmente sob o controle de homens armados, a cidade de Ramadi - palco de combates no oeste iraquiano há duas semanas - retoma sua rotina nos bairros protegidos pelas forças de segurança, onde funcionários públicos foram vistos indo trabalhar neste domingo.

Segundo a polícia, após a retomada de dois bairros da principal cidade da província de Al-Anbar na última sexta-feira pelas forças iraquianas apoiadas por tribos aliadas, dois outros distritos de Ramadi permaneciam sob o controle dos insurgentes, que também controlam inteiramente a cidade de Fallujah, a cerca de 40 km.

Carros blindados e tanques foram mobilizados nas divisas de alguns bairros de Ramadi, onde muitos trabalhadores voltavam para casa neste domingo - primeiro dia da semana no Iraque -, constatou um jornalista da AFP que estava no local.

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O governador da província, Ahmed Khalaf al-Doulaimi, pediu para que os funcionários públicos voltassem ao trabalho após diversos dias de interrupção em decorrência da onda de violência que assolou a cidade.

Em Al-Boubali, uma localidade entre Fallujah e Ramadi, as forças de segurança enfrentaram neste domingo combatentes ligados à Al-Qaeda, informou uma fonte policial.

O porta-voz da divisão anti-terrorismo iraquiana, Sabah Noori, explicou que muitos soldados estão desaparecidos nesta zona, conhecida por ser um reduto da rede extremista.

Os confrontos tiveram início no dia 30 de dezembro, depois que um acampamento de militantes sunitas antigovernistas em Ramadi foi desmantelado. A violência na região de Al-Anbar já deixou mais de 250 mortos, segundo um balanço produzido pela AFP baseado em fontes médicas e oficiais.

Alguns dias após o fim do acampamento, centenas de homens armados, dentre eles jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), ligado à Al-Qaeda, assumiram o controle de Fallujah.

Neste sábado, muitos moradores que haviam deixado a cidade em razão dos combates e do racionamento de água, comida e combustível começaram a retornar.

A maior parte do comércio também reabriu em Fallujah - controlada, segundo líderes tribais, por jihadistas e membros de tribos hostis ao governo.

Depois de ter mobilizado reforços ao redor da cidade, o exército garantiu que não tomaria nenhuma atitude de imediato para evitar vítimas civis.

O exército iraquiano "não tem nem as armas de precisão, nem os serviços de informação, nem a disciplina necessárias para retomar Fallujah sem causar grandes perdas civis", afirmou Jessica Lewis, ex-oficial de informação do exército americano.

Ao menos 13 mortos em outros episódios violentos

A tomada de Fallujah e de algumas partes de Ramadi pelos jihadistas ocorre pela primeira vez desde a insurreição registrada depois da invasão norte-americana de 2003.

As duas cidades são antigos redutos de insurgentes. Em 2004, 95 soldados americanos foram mortos e mais de 600 feridos em Fallujah durante as mais sangrentas ofensivas do exército dos Estados Unidos desde a guerra do Vietnã.

Em Bagdá, novos ataques deixaram ainda 13 mortos neste domingo, dentre eles oito recrutas do exército que morreram vítimas de um atentado com carro-bomba.

O Iraque entrou, desde outubro de 2013, numa espiral de violência que chegou a níveis inéditos desde o conflito religioso de 2006-2007.

O balanço dos ataques desde o início do mês já ultrapassou os números para todo o mês de janeiro de 2013, com mais de 420 vítimas fatais.

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