Os ministros das Relações Exteriores dos onze membros dos Amigos da Síria (Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Egito, Jordânia, Estados Unidos e Turquia) instaram durante toda a reunião a seus interlocutores sírios que participem da conferência Genebra 2. "Explicamos uma e outra vez aos representantes da oposição que o fato de não participar na conferência contribuiria para um fracasso das negociações ou impediria que se realizassem. Espero que tenhamos conseguido convencê-los", disse o titular alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.
[SAIBAMAIS]"É importante que Genebra 2 se reúna. Não há outra solução para o drama sírio, senão a política", afirmou o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius. Em sua declaração final, os onze membros pedem "encarecidamente" à Coalizão que vá para a Suíça. Em declarações posteriores à imprensa, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse "confiar" na participação da oposição síria na conferência de paz.
"Pesoalmente, confio em que a oposição síria virá a Genebra", declarou a jornalistas o chefe da diplomacia americana, afirmando ter celebrado uma "reunião muito construtiva" com o presidente da Coalizão, Ahmad Jarba. Após dois dias de intensas negociações nesta semana em Istambul, a Coalizão opositora síria não conseguiu alcançar um acordo sobre a questão de sua participação e adiou a decisão até 17 de janeiro.
A Coalizão pede como condição prévia que o regime de Bashar al Assad deixe de utilizar armamento pesado e que sejam instaurados corredores humanitários, lembrou à AFP o embaixador da Coalizão na França. O objetivo da conferência, definida em junho de 2012 em um acordo internacional alcançado também em Genebra, mas que nunca foi aplicado, é negociar um processo de transição política, como a formação de um governo provisório, composto por membros do regime e da oposição, com plenos poderes.
Em dezembro, o regime de Bashar al Assad disse que enviaria uma delegação para a conferência, mas segundo o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, seu governo não irá a Genebra "para entregar o poder, nem fazer transações com ninguém".
"Confrontos entre rebeldes e jihadistas"
Esta atitude e, sobretudo, a intensificação dos bombardeios das forças de Assad em Aleppo (norte) e outras cidades do país são a causa principal das reticências da Coalizão para negociar. Mais de 130.000 pessoas, inclusive 7.000 crianças, morreram em combates entre o regime e a oposição desde março de 2011, quando começou um conflito que levou ao êxodo a milhões de pessoas e deixou 2,4 milhões de refugiados.
Enquanto isso, na Síria foi aberta uma nova frente e a oposição armada luta há uma semana contra os que tinham sido até agora seus aliados, o Estado Islâmico no Iraque e o Levante (EIIIL), um grupo vinculado à Al-Qaeda. Em apenas oito dias, esta guerra interna deixou mais de 700 mortos e centenas de desaparecidos no norte do país. Os onze Amigos da Síria reafirmaram seu "apoio" à Coalizão e condenaram "em termos mais fortes as atrocidades cometidas diariamente pelo regime contra o povo, com o apoio do Hezbollah (movimento xiita libanês0 e de outros grupos estrangeiros.
No domingo e na segunda-feira também estavam previstos em Paris intensas negociações diplomáticas sobre o processo de paz no Oriente Médio. Na segunda-feira, o secretário de Estado americano John Kerry se encontrará com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, para falar da possível participação do Irã, que apóia o regime de Damasco, na conferência de Genebra. A Rússia é favorável, ao contrário dos Estados Unidos.