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Retirada parcial das sanções ajudará economia iraniana, dizem especialistas

O acordo alcançado entre o Irã e as grandes potências no fim de novembro foi o resultado de intensas negociações relançadas após a vitória em junho do presidente moderado Hassan Rohani

Agência France-Presse
postado em 13/01/2014 11:52
Teerã - O Irã começa a colher os primeiros frutos concretos de sua política de diálogo com o desbloqueio de 550 milhões de dólares, parte do acordo sobre o seu programa nuclear que terá um efeito psicológico imediato e que ajudará a economia, acreditam os especialistas. O acordo alcançado entre o Irã e as grandes potências no fim de novembro foi o resultado de intensas negociações relançadas após a vitória em junho do presidente moderado Hassan Rohani.

[SAIBAMAIS]Ele prevê o congelamento por Teerã a partir de 20 de janeiro e por seis meses de suas atividades nucleares em troca de uma retirada parcial das sanções impostas à República Islâmica. O Irã se compromete a limitar seu enriquecimento de urânio a 5%, transformar seu estoque de urânio a 20%, congelar suas atividades nas usinas de Natanz e Fordo, assim com as do reator de água pesada de Arak, e paralisar a instalação de novas centrífugas - mais de 19.000 atualmente - nesses locais.



O acordo será supervisionado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Os países do grupo 5%2b1 (China, Estados Unidos, Rússia, Reino Unido e França, além da Alemanha) deverão, em contrapartida, retirar as sanções sobre as exportações petroquímicas, o comércio do ouro, manter as exportações de petróleo, retirar as sanções contra a indústria automobilística e desbloquear gradualmente 4,2 bilhões de dólares em bens iranianos congelados nos Estados Unidos.

Teerã receberá no início de fevereiro um primeiro pacote de 550 milhões de dólares, segundo o Departamento de Estado americano. Este período de seis meses deve permitir o início das discussões sobre um acordo global sobre o programa nuclear de Teerã, suspeito, apesar de suas negativas, de tentar desenvolver armas atômicas sob a fachada de um programa nuclear civil.

O montante total de 4,2 bilhões "não é muito em si mesmo", considerou o economista Said Leylaz, lembrando que nos últimos nove meses o Irã vendeu 34 bilhões de dólares de petróleo e derivados e recuperou 32 bilhões. Mas, segundo ele, "o efeito político e psicológico será significativo. Nós iremos vender mais facilmente o petróleo, nossos produtos petroquímicos e, especialmente, obter nossos petrodólares. Também iremos comprar até 10% mais barato todos os produtos que obtemos do exterior".

Relançar a produção

O embargo petrolífero e financeiro imposto em janeiro de 2011 pelos Estados Unidos e pela União Europeia tem sufocado a economia iraniana. O acordo provisório prevê a criação de canais bancários para facilitar o comércio entre o Irã e o mundo exterior. O especialista espera um aumento entre 20 e 25 bilhões de dólares por ano em receitas para o governo que lhe permitirá controlar melhor a inflação e atender às necessidades imediatas da população.

Para Mohsen Ghamsari, diretor de relações internacionais da Companhia Nacional de Petróleo (NIOC), a entrada em vigor do acordo permitirá um aumento imediato das exportações de petróleo. O Irã já aumentou suas exportações de petróleo nos últimos meses para cerca de 1,3-1,4 milhão de barris por dia, contra 1,2 anteriormente, acrescentou, citado pela imprensa. "Com receitas adicionais, o governo poderá importar bens de consumo necessários para a população e intermediários para reiniciar a produção", explicou Mohammad Reza Behzadian, ator econômico e ex-diretor da Câmara do Comércio de Teerã. "O governo também será capaz de pagar as suas dívidas com as empresas privadas, o que dará ainda mais impulso para a economia", ressaltou.

Por fim, o levantamento das sanções sobre a indústria automotiva também terá um impacto significativo, ao passo que a produção de veículos caiu pela metade (de 1,6 milhão em 2011 para menos de 800 mil em 2012). "Nós poderemos alcançar o nosso nível de produção de 2011 até 2016. Além disso, a maioria irá ter acesso a novas tecnologias", afirma Leylaz.

"A economia iraniana está mostrando sinais de recuperação após anos de sanções, em grande parte devido à remoção parcial de algumas sanções no âmbito do acordo de Genebra, de uma mudança psicológica dos mercados e da percepção de que o governo Obama se comprometeu a não impor novas pressões econômicas contra o Irã", escreveu o analista americano Mark Dubowitz em um artigo publicado pelo Iran Daily.

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