Agência France-Presse
postado em 13/01/2014 17:05
Washington - O ex-secretário americano de Defesa Robert Gates denunciou nesta segunda-feira(13/1) a instrumentalização política que, segundo ele, foi feita de suas críticas ao presidente Barack Obama incluídas em suas memórias, que chegarão às livrarias na terça-feira.Trechos do livro do ex-chefe do Pentágono (2006-2011) durante os governos de Geortge W. Bush e Obama divulgados semana passada na imprensa incluem fortes críticas ao presidente democrata e a sua equipe pela estratégia montada no Afeganistão.
No entanto, durante entrevistas concedidas nesta segunda, Gates, um republicano, disse que está "decepcionado devido ao fato de o livro ter sido usado com fins políticos partidários, e de as declarações terem sido tiradas de seu contexto". "Isto faz parte da luta política em Washington que denuncio em meu livro", considerou ele em uma entrevista concedida à rede NBC.
[SAIBAMAIS]Os trechos divulgados revelam o descontentamento de Robert Gates diante das dúvidas do presidente sobre o êxito de sua própria estratégia de enviar mais reforços ao Afeganistão, na qual "não acredita".
"Quando tomou essa decisão, em novembro de 2009, acreditava nessa estratégia. Durante 2010 -em boa medida devido à pressão constante do vice-presidente (Joe Biden) e de outros na Casa Branca- suas dúvidas aumentaram", considerou o ex-secretário de Defesa à rádio NPR.
"O que a imprensa perdeu de vista é que, de fato, eu estava de acordo com quase todas as decisões do presidente", queixou-se.
"A verdade é que tínhamos uma ótima relação pessoal (com Barack Obama). Abordávamos nossas divergências com toda franqueza", explicou.
Robert Gates, em troca, refere-se de maneira muito crítica a Joe Biden, a quem culpa em seu livro por ter se "equivocado em quase todas as grandes decisões de política externa e de segurança nacional nas últimas quatro décadas".
"Ele alimentava as suspeitas do presidente sobre os militares", acrescentou Robert Gates à NPR.
Gates denuncia também o comportamento dos assessores da Casa Branca, que tomavam a liberdade de ligar diretamente para os generais. "Parte desses jovens que ocupam cargos relevantes na Casa Branca e no Conselho de Segurança Nacional estavam na universidade, ou inclusive na escola, quando eu era diretor da CIA", no inícios dos anos 1990, ironizou ele à rádio NPR.