Agência France-Presse
postado em 14/01/2014 12:51
Juba - Mais de 200 civis que fugiam dos combates no Sudão do Sul morreram nesta terça-feira (14/1) afogados no naufrágio de sua embarcação, no mesmo dia em que o governo de Juba e os insurgentes continuavam na Etiópia tentando entrar em acordo sobre um cessar-fogo."Há entre 200 e 300 pessoas afogadas, incluindo mulheres e crianças. O barco estava sobrecarregado", indicou à AFP Philip Aguer, porta-voz do exército. "Todos se afogaram. Estavam fugindo de novos confrontos em Malakal", a capital do estado petroleiro do Alto Nilo, no nordeste do país, acrescentou.
Segundo o porta-voz, o acidente, um dos piores deste tipo desde o início dos combates, há quatro semanas, ocorreu na manhã desta terça-feira (14). No entanto, os meios de comunicações locais ressaltaram que ocorreu antes, na noite de domingo.
Os combates que começaram no dia 15 de dezembro, provocados pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e seu ex-vice-presidente Riek Machar, destituído em julho e agora líder dos rebeldes, já deixaram 400.000 deslocados e mais de 1.000 mortos, segundo a ONU.
Kiir acusa Machar e seus simpatizantes de terem tentado dar um golpe de Estado. Riek Machar nega estas alegações e acusa o presidente de querer eliminar seus rivais. Nesta terça-feira, os combates prosseguiam em vários locais do país. Em Malakal, os rebeldes lançaram um novo ataque para tentar tomar a cidade.
"Há combates dentro e nos arredores de Malakal", disse o chefe de operações humanitárias da ONU, Toby Lanzer, acrescentando que o número de refugiados na base da ONU na região passou de 10.000 para 19.000 pessoas.
O exército indicou, por sua vez, que há intensos combates no sul de Bor, a capital do estado de Jonglei (leste), o centro dos confrontos desde meados de dezembro. O exército tenta retomar o controle da cidade, nas mãos de rebeldes. "Estamos avançando em direção a Bor, ocorreram combates muito intensos na noite de segunda-feira", disse Aguer.
Denúncias de saques
O porta-voz do exército negou, no entanto, que os rebeldes tivessem tomado o porto de Mongalla, situado a 50 km de Juba, a capital sul-sudanesa, na rota que leva a Bor. "Estamos ao norte de Mongalla, controlamos completamente a região", afirmou, embora tenha reconhecido que ainda ocorrem combates 20 km ao sul de Juba. Em Adis Abeba, capital da Etiópia, a comunidade internacional continuava pressionando o governo e os rebeldes.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em visita à Etiópia, e seu colega etíope Hailemariam Desalegn pediram que as partes acordem rapidamente um cessar-fogo. As negociações entre os dois grupos foram retomadas nesta terça-feira depois de terem sido interrompidas na segunda-feira.
Nesta terça-feira (14) é esperada a chegada ao Sudão do Sul de Ivan Simonovic, o subsecretário da ONU para os Direitos Humanos.