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Serviços secretos ocidentais discutiram cooperação com a Síria

O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal Mekdad, explicou que há uma "divisão" nos países ocidentais entre os serviços secretos e os políticos em torno dos combatentes islamitas

Agência France-Presse
postado em 15/01/2014 16:41
Vários serviços de inteligência ocidentais visitaram Damasco para falar de cooperação com o regime de Bashar al-Assad em relação aos islamitas da oposição, afirmou a BBC nesta quarta-feira, citando uma fonte síria.

O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal Mekdad, explicou à BBC que existe uma "divisão" nos países ocidentais entre os serviços secretos e os políticos em torno dos combatentes islamitas. "Não especificarei, mas muitas agências estrangeiras visitaram Damasco para falar dos islamitas", comentou Mekdad.

"Muitos países entraram em contato conosco para coordenar medidas de segurança", acrescentou, sem dar maiores detalhes.

"Quando estes países pedem cooperação em termos de segurança, parece que há um cisma entre as autoridades políticas, que apoiam a oposição, e as de segurança", afirmou o vice-ministro.

A BBC, citando fontes informadas, fala de visitas a Damasco dos serviços de inteligência americano, britânico, francês e alemão. Já o jornal americano The Wall Street Journal falou de visitas de espanhóis, alemães, britânicos e franceses à capital síria.



Um porta-voz dos serviços de inteligência espanhóis confirmou ao Wall Street Journal que Madri compartilhou dados com Damasco sobre cidadãos espanhóis que viajaram à Síria para combater.

"Sim, houve trocas de informação", afirmou ele ao jornal. "A Espanha expressou enfaticamente sua preocupação quanto aos perigos representados por esses terroristas".

De fato, a polícia espanhola deteve em 5 de janeiro passado, em sua volta à Espanha, um suposto membro de um grupo ligado à Al-Qaeda que combate na Síria.

[SAIBAMAIS]O suspeito, o espanhol Abdelwahid Sadik Mohamed, é acusado de participar na "guerra santa" na Síria, segundo o ministério do Interior espanhol.

Sadik Mohamed é originário da cidade espanhola de Ceuta, na fronteira com o Marrocos, indicou ainda o governo de Madri. Dessa localidade, um grupo espanhol-marroquino enviou dezenas de combatentes à Síria, segundo as autoridades espanholas.

As declarações de Mekdad acontecem um dia depois de o presidente francês, François Hollande, ter revelado que 700 jovens franceses viajaram de seu país para combater na Síria.

"Um determinado número de jovens franceses e de jovens estrangeiros residentes legais na França foram para Síria para lutar", declarou Hollande. "Foram contabilizados 700. É muito. Alguns morreram", disse ainda.

Os jihadistas britânicos que combatem na Síria podem ser entre 200 e 366, segundo Shiraz Maher, pesquisador do Centro Internacional para o Estudo do Radicalismo do King;s College de Londres.

No mês passado, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos suspenderam sua ajuda não-letal à oposição ante temores da crescente influência dos combatentes islamitas na oposição.

O ministro das Relações Exteriores britânico (Foreign Office) não quis comentar as declarações de Mekdad.

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