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Síria promete gestos humanitários antes de conferência de paz

Além disso, Damasco entregou a Moscou um plano para assegurar a segurança em Aleppo

Agência France-Presse
postado em 17/01/2014 13:12
Istambul - O regime sírio prometeu nesta sexta-feira (17/1) a adotar uma série de medidas humanitárias a poucos dias da abertura da Conferência de Paz de Genebra II, no momento em que a oposição síria no exílio, muito dividida e pressionada, deve decidir sua participação ou não.

[SAIBAMAIS]A cinco dias da reunião diplomática organizada pela Rússia e os Estados Unidos, o governo sírio decidiu autorizar a troca de prisioneiros com os rebeldes e um plano de cessar-fogo limitado a cidade de Aleppo, condições impostas pela oposição, que deve decidir em Istambul se participará de Genebra II, programada para 22 de janeiro em Montreux, na Suíça. "O governo sírio está disposto a tomar uma série de medidas de carácter humanitário, principalmente em resposta a nossos pedidos", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, depois de reunir-se em Moscou com seu colega sírio, Walid Muallem.



"São propostas concretas que já estão sendo aplicadas para entregar carregamentos humanitários aos povoados em Guta oriental e em outros regiões, incluindo os subúrbios de Damasco e de Aleppo", acrescentou. O ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, por sua vez, afirmou que o regime sírio está disposto a realizar uma troca de prisioneiros com os rebeldes. "Informamos ao ministro Lavrov que estamos dispostos a trocar detentos por prisioneiros capturados pelo bando contrário", declarou em coletiva de imprensa em Moscou.

Além disso, Damasco entregou a Moscou um plano para assegurar a segurança em Aleppo, segundo o ministro. "Levando em conta o papel desempenhado pela Rússia para acabar com o derramamento de sangue na Síria, assim como a nossa relação de confiança, entreguei ao ministro Lavrov um plano sobre as medidas para assegurar a segurança da região de Aleppo", declarou. "Pedi ao ministro Lavrov para que estabeleça os contatos necessários para realizar este plano, para determinar o momento exato do fim de todas as ações militares nesta região", prosseguiu.

Segunda-feira (13/1), durante uma reunião entre Lavrov e o secretário de Estado americano John Kerry em Paris, os Estados Unidos e a Rússia apelaram para um "cessar-fogo" limitado geograficamente antes da conferência de paz, uma das exigências da Coalizão de Oposição síria, que deve se reunir a partir das 14h00 GMT (12H00 no horário de Brasília). O debate se anuncia longo e difícil, enquanto os membros da oposição moderado ao presidente Bashar al-Assad estão divididos sobre a oportunidade de se sentar à mesma mesa que seus adversários.

"Decidir sobre a participação na conferência não é fácil", admitiu à AFP Munzer Aqbiq, conselheiro do presidente da Coalizão, Ahmad Jarba. "O direito, a justiça, o bem e o mal são perfeitamente identificáveis no caso do conflito na Síria, então se comprometer será doloroso", antecipou.

Pressão dos "Amigos da Síria"


Em novembro, a Coalizão impôs uma série de condições para a sua participação na conferência internacional de paz. No plano político, exige que as discussões aconteçam "com base em uma transferência integral" do poder e que o presidente Assaf "e todos aqueles que têm sangue nas mãos não tenham funções" na transição.

E no campo de batalha pediu um cessar-fogo durante as negociações, bem como a criação de "corredores humanitários" no país. Conscientes das divergências entre os membros da Coalizão, os padrinhos ocidentais e árabes da oposição aumentaram a pressão para convencê-los de participar da conferência, condição para garantir a sua credibilidade.

Nos bastidores, Estados Unidos e Grã-Bretanha, foram mais diretos, ameaçando diretamente cortar sua ajuda em caso de rejeição, segundo a imprensa britânica. A conferência de Genebra II deve tentar encontrar uma solução política que poderia pôr fim à guerra civil na Síria, que já fez mais de 130.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados desde março de 2011. Nesta sexta-feira o alto comissário da ONU para os Refugiados, Antonio Guterres, exortou as partes em conflito a encontrar uma solução o mais rápido possível. "É absolutamente essencial pôr fim ao derramamento de sangue", declarou.

"Eu não posso me resignar com o fato de que a escolha que pode ser apresentada para o mundo é a da perpetuação de um regime ditatorial, seja de Bashar al-Assad ou o extremismo islâmico", acrescentou por sua vez o presidente francês, François Hollande.

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