Washington - O secretário de Estado americano, John Kerry, declarou ao regime sírio nesta sexta-feira (17/1) que não conseguirá desviar as negociações de paz Genebra II do objetivo de colocar em andamento uma transição política no país.
Depois de acusar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, de ceder territórios aos extremistas islâmicos para gerar temor em seus opositores, Kerry advertiu que "não conseguirão enganar ninguém". "Podem ameaçar, podem protestar, podem gerar distorções, mas a conclusão é que vamos a Genebra para implementar Genebra I e, se Al-Assad não aceitar, vai-nos convidar a lhe dar uma resposta maior", afirmou.
Kerry e seu colega russo, Sergei Lavrov, esperam uma reunião entre a dividida oposição síria e o regime de Al-Assad, pela primeira vez desde que o conflito explodiu em março de 2011. Mais de 35 países vão se reunir nas cidades suíças de Montreux e Genebra, a partir da próxima quarta-feira, para negociar a formação de um governo de transição, segundo os termos do acordo firmado em 2012.
"Acho que, no início do processo de Genebra, ficará claro que não existe solução política alguma se Al-Assad não negociar uma transição e se pensa em fazer parte desse futuro. Isso não vai acontecer", disse Kerry.
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A comunidade internacional "não descartou" aumentar a pressão sobre o regime sírio, completou o secretário de Estado, que se reuniu nesta sexta com o ministro mexicano das Relações Exteriores, José Antonio Meade, e seu colega canadense, John Baird.
Sobre o aumento da presença de extremistas islâmicos na Síria, Kerry alertou que essas denúncias são uma tentativa de "desviar" a atenção por parte de Al-Assad, que está "tentando se transformar no protetor da Síria contra os extremistas".
Kerry se recusa a transformar as negociações de Genebra II em um debate sobre como combater os grupos islâmicos na Síria e acusou Al-Assad de "financiar alguns desses extremistas, inclusive cedendo-lhes território para se mostrar como o único protetor contra seu avanço".