Agência France-Presse
postado em 18/01/2014 10:46
Istambul - A oposição síria no exílio deve enfim tomar sua decisão neste sábado sobre uma eventual participação, na semana que vem, na conferência de paz Genebra II, para a qual o regime de Damasco fez uma concessão, prometendo um cessar-fogo em Aleppo (norte). A apenas quatro dias do encontro organizado pelos Estados Unidos e pela Rússia, a presença da Coalizão Opositora na Suíça ainda é incerta devido às divisões internas. A incerteza persiste, apesar dos esforços de seus parceiros árabes e ocidentais para convencê-la a viajar.[SAIBAMAIS]Inicialmente prevista para sexta-feira à tarde, a assembleia geral da Coalizão deve começar apenas na tarde deste sábado a portas fechadas em um hotel de um subúrbio de Istambul, indicaram seus membros. O início das discussões foi adiado por longas horas de conversas entre a direção da Coalizão e um grupo de cerca de quarenta integrantes que se recusa a participar dos debates, denunciando as condições da reeleição do presidente Ahmad Jarba, há dez dias.
O debate em torno do envio de uma delegação a Montreux (Suíça) divide profundamente os integrantes da oposição moderada ao presidente Bashar al-Assad, influenciada por rivalidades que colocam em lados opostos seus dois principais financiadores, a Arábia Saudita e o Catar.
Alguns opositores se recusam a se reunir com representantes de um regime que tentam derrubar a quase três anos. "Fazer compromissos vai ser doloroso", alertou na sexta Munzer Aqbiq, conselheiro do presidente Jarba.
Influenciado pela fiel aliada Rússia, o regime do presidente Assad já deixou claro que rejeita o afastamento do presidente. Mas aceitou fazer uma série de concessões "humanitárias".
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Depois de um encontro com seu homólogo russo Serguei Lavrov em Moscou, o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem, mencionou uma "troca de prisioneiros" e um plano prevendo "a suspensão de todas as ações militares" na região de Aleppo (norte).
Na sexta, o secretário de Estado americano, John Kerry, fez um alerta ao regime sírio para qualquer tentativa de "desviar o objetivo" de Genebra II. "Ninguém se deixará enganar", assegurou Kerry, ameaçando Damasco com uma "resposta muito mais forte".
Também na sexta-feira, representantes da Turquia e do Catar, junto com integrantes da oposição e ocidentais, se reuniram em Ancara com quatro grupos rebeldes sírios, incluindo a Frente Islâmica, para tentar convencê-los da utilidade de Genebra II, indicou uma fonte diplomática. Uma nova reunião entre esses grupos está marcada para este sábado, na capital turca.
A conferência Genebra II tem como objetivo encontrar uma solução política que acabe com a guerra civil na Síria. O conflito deixou mais de 130.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados desde março de 2011.