Agência France-Presse
postado em 20/01/2014 16:21
Quito - O presidente do Equador, Rafael Correa, no poder desde 2007, descartou impulsionar uma reforma constitucional que lhe permita buscar um novo mandato em 2017, segundo declarações divulgadas nesta segunda-feira (20/1).O presidente, que no ano passado propôs uma emenda constitucional para incorporar a reeleição indefinida em todos os cargos de eleição popular em um desafio a seus opositores, descartou a possibilidade de buscar a reeleição em uma entrevista ao jornal público El Telégrafo.
"É um grande dano que uma pessoa seja tão indispensável, que tenha que mudar a Constituição para afetar as regras do jogo. Há gente capaz" de me suceder, afirmou Correa.
O governante socialista, reeleito para o período 2013-2017, já tinha descartado, em agosto de 2013, seu interesse na reeleição, mas, pela primeira vez, falou sobre o impacto legal e político dessa medida.
Correa, que conta com maioria no Congresso e uma popularidade que supera 60%, segundo pesquisas privadas, acredita que seu movimento poderá conservar o poder para a esquerda, embora tenha reconhecido o risco de "alguma divisão".
"Eu tenho esperança de que se mantenha essa unidade, mas sempre há risco de alguma divisão. Espero que tenhamos a visão política suficientemente histórica e clara para manter essa unidade e as garantias de sucesso desse projeto político nas urnas", acrescentou.
Correa, que na semana passada comemorou o sétimo aniversário de seu governo, o mais estável desde a crise política em que o Equador teve sete presidentes em uma década (1996-2006), chegou ao poder com a Aliança País, o movimento de esquerda criado e dirigido por ele.
[SAIBAMAIS]Desde então venceu em sete processos eleitorais, um dos quais desembocou na aprovação, em 2008, de uma nova Constituição que incorporou a reeleição por um só período consecutivo, e agora busca assegurar o controle político de seu movimento nas eleições locais de fevereiro, na qual foram escolhidos prefeitos e juntas locais de governo.
No ano passado, o presidente assinou uma carta pública na qual se propunha uma reforma constitucional para adotar a reeleição indefinida, e justificou essa iniciativa como um desafio à imprensa e os adversários que rejeitavam sua continuidade no poder, mas encorajavam a do prefeito opositor da cidade de Guayaquil, Jaime Nebot.
A proposta não voltou a ser discutida.