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ONG Human Rights Watch critica perigoso programa de vigilância da NSA

A entidade afirma que o governo americano dispõe de uma "posição excepcional para vigiar as comunicações mundiais, já que a maioria dos dados da internet circulam por território americano

Agência France-Presse
postado em 21/01/2014 11:23
Berlim - Os Estados Unidos e o programa generalizado de vigilância são um exemplo perigoso para outros países, considera a ONG Human Rights Watch (HRW) em seu relatório anual, apresentado nesta terça-feira (21/1) em Berlim e no qual também denuncia a situação política na Venezuela. O texto, que analisa a situação dos direitos humanos em mais de 90 países, considera que a falta de respeito à vida privada por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana permitirá aos Estados repressivos impor restrições na liberdade de expressão.

A ONG, com sede em Nova York, afirma que o governo americano dispõe de uma "posição excepcional para vigiar as comunicações mundiais, já que a maioria dos dados da internet circulam por território americano, "razão pela qual tem uma responsabilidade especial na defesa dos direitos dos indivíduos". Em uma entrevista à AFP, o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, considerou que países como China, Rússia e Índia tomam o exemplo da NSA para minar o respeito à vida privada.

[SAIBAMAIS]Em reação à vigilância da NSA, "muitos países irão criar redes de internet locais, e vão forçar os grupos deste setor a manter os dados de seus usuários em seu país", acrescentou. A HRW elegeu a capital da Alemanha para apresentar seu relatório pelo fato deste país ter sido um dos atingidos pelas revelações do ex-agente da inteligência americana Edward Snowden, e especificamente sua chanceler, Angela Merkel, cujo telefone celular foi grampeado.



Para Roth, a explicação do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que a vida privada do povo não estava em perigo, já que o governo só recolhe as comunicações, sem examiná-las, não se sustenta. "Imagine que o governo coloca uma câmera de vídeo em seu quarto e diz ;Não se preocupe, isso só vai para o computador do governo, não vamos olhar as imagens, a não ser que tenhamos uma boa razão;", declarou. "Ficaria tranquilo? Claro que não. Mas isso é exatamente o que o Governo americano propõe", considerou.

O 24; relatório anual da HRW também aborda as atrocidades cometidas contra a população civil no conflito na Síria e volta a pedir que os líderes de todo o mundo pressionem pelo fim "destas atrocidades e pelos que as perpetuam sejam punidos". O texto critica a atitude da Rússia e da China no Conselho de Segurança da ONU, que permite o assassinato de civis sírios. Roth também criticou a negativa americana em enviar os supostos criminosos de guerra ante o Tribunal Penal Internacional.

O relatório também denuncia a situação política na Venezuela desde que Nicolás Maduro foi declarado vencedor das eleições presidenciais de abril, e aponta que as "forças de segurança estatais espancam e detêm de forma arbitrária os partidários de seu opositor, Henrique Capriles". "O Governo segue intimidando e punindo a imprensa crítica com suas políticas e obstrui os defensores dos direitos humanos com restrições de financiamento e ameaça de acusações", afirmou o relatório, que lembrou que, "em novembro, a pedido de Maduro, os membros de seu partido aprovaram uma lei que lhe garante poderes para governar por decreto".

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