Agência France-Presse
postado em 21/01/2014 19:49
A reforma de Barack Obama para limitar os programas de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) não convenceu os americanos, revela pesquisa do Pew Research Center divulgada nesta terça-feira (21/1), mostrando que quase 75% acreditam que a proteção da vida privada não vai melhorar.De acordo com a enquete, 73% dos entrevistados afirmam que o anúncio feito por Obama na última sexta para melhorar a atividade da agência não aumentará a proteção da vida privada, enquanto 21% acreditam que sim.
Além do aumento do ceticismo sobre a espionagem eletrônica da NSA, a sondagem expõe o alcance limitado da comunicação do presidente, já que 50% dos entrevistados reconheceram não ter "ouvido nada" sobre o pronunciamento de Obama. Outros 41% ouviram "apenas um pouco" das medidas propostas pelo democrata.
Sete em cada dez respondentes disseram que não deveriam ter de abrir mão de sua privacidade para se manterem a salvo de potenciais ataques terroristas, acrescenta a enquete. A pesquisa mostra também que 79% dos americanos não estão preocupados com a possibilidade de as reformas de Obama reduzirem a habilidade do governo de enfrentar os grupos considerados terroristas.
Em seu anúncio, o presidente garantiu que seu governo não espionará mais as comunicações eletrônicas dos líderes mundiais aliados, mas manterá a atividade como ferramenta da luta contra o terrorismo. Isso significa que o governo dos Estados Unidos continuará a coletar metadados telefônicos - como números de telefone, hora e duração da chamada -, mas não vai conservá-los, nem gravará as conversas.
No total, 53% dos americanos que participaram da pesquisa desaprovam o programa de coleta de metadados, contra 40% que o apoiam, o que mostra uma inversão em comparação aos números anteriores. Em julho, a aprovação era de 50%, contra 44% que discordavam do programa.
Desde que o ex-consultor da NSA Edward Snowden revelou o plano de vigilância eletrônica do governo, em junho de 2013, esse foi o programa que experimentou o maior índice de rejeição por parte da opinião pública americana e de vários congressistas em Washington.
O ex-analista divide opiniões. Pelo menos 45% dos entrevistados consideram que Snowden agiu no interesse da sociedade ao vazar os documentos confidenciais para a imprensa. Já 43% afirmam que foi prejudicial, e 56% acreditam que o governo deveria iniciar ações legais contra o ex-consultor. Apenas 32% disseram que o governo não deveria apresentar acusações criminais contra Snowden.
Hoje, Edward Snowden está refugiado na Rússia, onde obteve asilo temporário por um ano, e é considerado foragido pelos Estados Unidos.
Para essa pesquisa, realizada pelo Pew Research Center para o jornal "USA Today", foram entrevistados 1.504 pessoas entre quarta e domingo da semana passada. A margem de erro é de mais ou menos três pontos.