Kerrymontreux - O presidente sírio, Bashar al-Assad, não fará parte de qualquer novo governo de transição, declarou nesta quarta-feira (22/1) o secretário de Estado americano, John Kerry, no início da conferência de paz sobre a Síria.
"Precisamos lidar com a realidade aqui... consentimento mútuo, que é o que nos trouxe até aqui para um governo de transição, significa que o governo não pode ser formado por alguém que é contestado por um lado", afirmou Kerry na declaração de abertura. "Isso significa que Bashar al-Assad não fará parte desse governo de transição. Não há nenhuma maneira, não é possível imaginar, que o homem que liderou esta resposta brutal contra seu próprio povo possa recuperar a legitimidade para governar", ressaltou.
Ele discursava no início da conferência de paz sobre a Síria, que reúne autoridades do regime e da oposição do país e que é realizada na cidade suíça de Montreux. "Um homem e aqueles que o apoiaram não podem mais manter uma nação inteira e a região como reféns", declarou Kerry, que, junto com seu colega russo, Serguei Lavrov, liderou os esforços para organizar a conferência.
"O direito de liderar o país não vem da tortura, nem de barris de bombas ou mísseis Scud", declarou. "Vem do consentimento do povo. E é difícil imaginar como o consentimento possa ser iminente neste momento importante", acrescentou. Mas Kerry também ressaltou que em uma nova Síria não pode haver lugar para os "milhares de extremistas violentos que espalham sua ideologia de ódio e pioram o sofrimento do povo".
O ministro das Relações Exteriores sírio reagiu rapidamente, criticando Kerry por suas declarações sobre a saída de Assad. "Senhor Kerry, ninguém no mundo tem o direito de conceder ou retirar a legitimidade de um presidente, de uma Constituição ou de uma lei, exceto os próprios sírios", declarou o chanceler Walid Muallem na abertura da conferência de paz.