Agência France-Presse
postado em 23/01/2014 13:13
Quetta - Milhares de pessoas protestaram em todo o Paquistão nesta quinta-feira (23/1) para denunciar o mais recente ataque sangrento contra a minoria xiita, que fez mais de 24 mortos na terça-feira no sudoeste do país. O atentado a bomba na terça-feira atingiu um ônibus de peregrinos xiitas que retornava do Irã na província instável de Baluchistão, um dos principais palcos da violência anti-xiita neste país de maioria sunita.[SAIBAMAIS]Quase 2 mil pessoas manifestaram em Quetta, capital do Baluchistão, em uma das principais avenidas da cidade, observaram jornalistas da AFP. Parentes das vítimas do ataque de terça-feira se recusam a enterrar os corpos até que o Estado tome medidas contra os agressores, num forte gesto de protesto em uma sociedade muçulmana, onde o costume é enterrar os mortos rapidamente. Alguns manifestantes organizaram um protesto em torno de caixões cobertos com lençóis e decorados com fotos das vítimas.
Protestos semelhantes também foram realizados em Karachi, bem como em várias cidades da província de Punjab (centro-oeste): Lahore, Multan e Rawalpindi (perto da capital Islamabad), de acordo com correspondentes da AFP. O ataque de terça-feira foi reivindicado por Lashkar-e- Jhangvi (LeJ), um grupo extremista sunita aliado à Al- Qaeda. O LeJ, que considera os xiitas como infiéis, é acusado de ter matado centenas desde o seu surgimento na década de 1990.
Grupos extremistas sunitas, tais como o LeJ, se inspiram na ideologia radical salafista da Arábia Saudita. A minoria xiita (20% da população do Paquistão), é considerada próxima ao Irã, potência xiita e tradicional rival da Arábia da Saudita no Oriente Médio. Os confrontos entre sunitas e xiitas são frequentes no Paquistão. Mas cada vez mais, os xiitas são vítimas de ataques ou assassinatos: mais de 400 mortes em 2013, um ano recorde. A violência se inscreve num contexto de crescentes rivalidades e confrontos entre sunitas e xiitas no mundo muçulmano, em países como o Iraque e Síria.