Agência France-Presse
postado em 24/01/2014 07:33
Bangcoc - O governo tailandês, que enfrenta há três meses um movimento nas ruas exigindo sua saída, esperava nesta sexta-feira (24/1) uma decisão judicial crucial para a realização das eleições de 2 de fevereiro que seus opositores prometeram impedir. A primeira-ministra Yingluck Shinawatra está desde o outono (do hemisfério norte) sob pressão dos manifestantes que pedem sua saída, mas também o fim da influência de sua família na política e, em particular, de seu irmão Thaksin, odiado.Os manifestantes, que querem substituir o governo por um conselho do povo não eleito, acusam o ex-primeiro-ministro deposto por um golpe de Estado militar em 2006 de seguir dirigindo o país através de sua irmã, apesar de seu exílio para evitar a prisão por desvio de fundos. Também rejeitam as eleições legislativas antecipadas, que têm todas as chances de serem conquistadas novamente pelo partido Puea Thai, no poder, enquanto a principal força da oposição, o Partido Democrata, as boicota.
Algumas circunscrições, em particular no sul, bastião democrata, não têm nenhum candidato porque os manifestantes bloquearam o registro das candidatura, o que pode impedir a nomeação de um novo governo, independentemente dos resultados. O líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuba, ameaçou na quinta-feira "fechar todas a estradas" que levam aos colégios eleitorais, ignorando o estado de emergência instaurado em Bangcoc.
[SAIBAMAIS]Em meio a esta crise política que já deixou nove mortos, a comissão eleitoral pediu que a Corte Constitucional adie as eleições. A comissão também pediu que os juízes digam claramente quem tem o poder para adiar a votação, se ela ou o governo, que se nega a fazê-lo. O mesmo tribunal aplicou um golpe no governo em novembro, ao considerar anticonstitucional a tentativa do Pue Thai de converter o Senado em uma câmara totalmente eleita. O Tribunal também expulsou do poder dois primeiros-ministros pró-Thaksin em 2008.
O status da Corte Constitucional é muito controverso, comentou Sunai Phasuk, da Human Rights Watch, apontando que é "produto do golpe de Estado de 2006". Este golpe, acompanhado de manifestações de "camisas amarelas" monárquicos anti-Thaksin, precipitou a Tailândia em uma série de crises que levaram às ruas partidários ou opositores do multimilionário que continua sendo, apesar de seu exílio, o fator que divide a sociedade.