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Mais de 140 mil pessoas fogem de combates em província iraquiana

O Exército realiza operações para tentar retomar o controle de bairros das mãos dos insurgentes

Agência France-Presse
postado em 24/01/2014 09:32

Bagdá - Mais de 140 mil pessoas fugiram dos combates entre as forças de segurança e os insurgentes na província de Al-Anbar (oeste de Bagdá), no maior deslocamento populacional em cinco anos no país, indicou a ONU nesta sexta-feira (24/1). "Trata-se do maior deslocamento no Iraque desde a onda de violência interreligiosa de 2006-2008", declarou o porta-voz da agência da ONU para os refugiados (Acnur), Peter Kessler, acrescentando que este balanço foi fornecido pelo governo iraquiano, e que 65 mil pessoas teriam fugido em apenas uma semana.

Homens armados sunitas mascarados tomam posição durante confrontos com as forças de segurança do Iraque, na cidade de Falluja
"Muitos civis não podem deixar estar áreas de conflito, onde a comida e o combustível começam a falar", acrescentou. Milhares de deslocados fugiram para Bagdá ou outras províncias próximas, mas alguns chegaram até as regiões curdas do norte do país, segundo a agência.

A Acnur lamentou a situação desses iraquianos que não têm "nem dinheiro nem comida", precisam de vestimentas e cujas crianças "não vão à escola". Bairros inteiros de Ramadi, capital da província de Al-Anbar, assim como a totalidade da cidade vizinha de Fallujah, 60 km a oeste de Bagdá, foram conquistados por combatentes anti-governo há algumas semanas.

[SAIBAMAIS]Desde então, o Exército realiza operações para tentar retomar o controle desses bairros das mãos dos insurgentes, entre os quais combatentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), um grupo ligado à Al-Qaeda.




Sexta-feira, o bombardeio dos bairros de Malaab e Abul Faraj, em Ramadi, sob controle dos insurgentes, matou duas pessoas e feriu 30 outras, de acordo com uma fonte médica. Em Fallujah, uma pessoa morreu e sete outras ficaram feridas nos intensos bombardeios quinta-feira à noite.

Os habitantes desta cidade acusam o exército de estar por trás desses bombardeios, mas as autoridades locais afirmam que os militares não estão envolvidos. Quarta-feira, o premiê iraquiano, Nuri al-Maliki, um xiita, pediu aos moradores da província para "tomar uma posição" contra os insurgentes, insistindo que era "hora de acabar com este problema e acabar com a presença de gangues na cidade".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que recebeu na quarta-feira o chefe do Parlamento iraquiano, Osama al-Nujaifi, exortou por sua vez Bagdá "a continuar o diálogo para que as reivindicações legítimas de todas as comunidades possam ser tratadas através do processo político". Diplomatas e especialistas temem que a violência não pare de aumentar enquanto a comunidade sunita continue a ser marginalizada. Desde o início de janeiro, mais de 700 pessoas morreram neste conflito.

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