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Dispersão de manifestações rivais deixa quatro pessoas mortas no Egito

Agência France-Presse
postado em 25/01/2014 13:32
Cairo - Pelo menos quatro pessoas morreram neste sábado (25/1) no Egito, onde milhares de partidários do governo e centenas de opositores saíram às ruas para comemorar o terceiro aniversário da queda do ex-ditador Hosni Mubarak.

As mortes ocorreram durante a dispersão dos manifestantes feita pela polícia, anunciou o ministério da Saúde.

Uma das mortes foi registrada no Cairo, onde a polícia usou gases lacrimogêneos para dispersar os manifestantes seguidores do deposto presidente islamita Mohamed Mursi e outros ativistas antigovernamentais.

As outras três pessoas morreram na cidade de Minya, no sul do país.

Os partidários do presidente islamita Mohamed Mursi destituído pelo exército em 3 de julho passado pediram que as manifestações fossem pacíficas por ocasião da data.

"Abaixo ao regime", gritavam os manifestantes na capital egípcia, antes de se dispersarem pelas ruas sob uma chuva intensa de bombas de gás lacrimogêneo.



Na mesma manifestação em um bairro central da capital, em um fato sem precedentes, se reuniram os pró-Mursi e os "Jovens da Revolução" de 2011, que responderam à convocação de um movimento liberal e laico que reúne a ex-militantes da revolta anti-Mubarak.

A intervenção militar de 3 de julho significou para os militantes não islamitas da revolução de 25 de janeiro o retorno ao autoritarismo do antigo regime de Mubarak.

A Irmandade Muçulmana, confraria à qual pertence Mursi e que ganhou todas as eleições desde a queda de Mubarak, convocou 18 dias de manifestações pacíficas.

Mas o governo "de facto", dirigido pelo exército, já advertiu que irá reprimir com "firmeza" qualquer "tentativa de sabotagem das cerimônias por parte da Irmandade Muçulmana", decretada "organização terrorista" há algumas semanas.

Desde o último 14 de agosto, quando policiais e soldados mataram mais de 700 manifestantes pró-Mursi em um dia de protestos no Cairo, mais de mil manifestantes islamitas morreram e vários milhares foram presos, incluindo a maior parte dos líderes da confraria.

Neste sábado, no Cairo, policiais e soldados bloqueavam com tanques os principais acessos à cidade e a emblemática praça Tahrir, epicentro da "Revolução de 25 de janeiro de 2011".

Milhares de pessoas foram à praça neste sábado levando fotos do general Abdel Fatah al-Sissi, chefe do exército e homem forte do Egito. "O povo quer a execução da Irmandade".

Endurecimento dos atentados

Os atentados contra as forças de ordem se multiplicaram desde que as forças armadas destituíram, em julho de 2013, o presidente islamita Mohamed Mursi - eleito democraticamente - e começaram a reprimir violentamente seus partidários.

Quatro atentados com bomba mataram seis pessoas nesta sexta-feira no Cairo, e outras 14 pessoas morreram em manifestações pró-Mursi em todo o país.

A maior parte dos atentados recentes contra as forças de ordem foi reivindicada por movimentos jihadistas que afirmam atuar em represália ao "massacre" dos pró-Mursi, mas sem vínculo direto com a Irmandade Muçulmana. Ainda assim, as autoridades egípcias acusam a Irmandade de envolvimento nos atentados.

Cinco soldados egípcios também morreram neste sábado depois que um helicóptero caiu na península do Sinai, cenário de confrontos entre grupos de insurgentes islamitas, informou uma fonte médica. O motivo da queda nesta zona, muito utilizada pelos militares egípcios como centro de operações, ainda não está claro.

Na manhã deste sábado, uma pequena bomba artesanal causou danos materiais num centro de treinamento da polícia na capital egípcia.

Uma explosão e intensos disparos foram ouvidos em uma base da polícia egípcia, perto da cidade de Suez, informaram fontes oficiais.

Uma fonte ministerial indicou que um foguete foi disparado contra a base.

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