Agência France-Presse
postado em 26/01/2014 10:02
Pequim - Um eminente militante chinês anticorrupção foi condenado neste domingo a quatro anos de prisão, informou a justiça, em um contexto de repressão reforçada das vozes dissidentes ao regime comunista.Um tribunal de Pequim condenou Xu Zhiyong por "concentração ilegal para perturbar a ordem pública", segundo informa a instituição em sua conta no Sina Weibo, equivalente chinês do Twitter.
Policiais uniformizados e à paisana impediram que populares e jornalistas se aproximassem do prédio do tribunal, situado a oeste da capital.
O julgamento do advogado de 40 anos, que reclama mais transparência por parte dos dirigentes comunistas, foi realizado na quarta-feira sob rígida vigilância e sem que a imprensa estrangeira fosse autorizada a entrar na sala de audiências.
Fundador do Movimento dos Novos Cidadãos, rede informal de militantes na mira das autoridades chinesas, Xu podia pegar até 5 anos de prisão.
A rede organizava manifestações de rua e discussões sobre temas relacionados com a sociedade civil, a igualdade na educação e a corrupção das elites.
[SAIBAMAIS]
Durante seu processo, Xu Zhiyong manteve silêncio porque não queria "participar nesta encenação teatral", segundo seu advogado, Zhang Qingfang. "Não somos atores", enfatizou.
Incansável promotor das reformas no sistema jurídico, Xu Zhiyong defende uma mobilização cidadã contra a corrupção e exige a transparência sobre o patrimônio dos altos funcionários.
Xu faz parte de um grupo de militantes anticorrupção julgados nos últimos por alteração da ordem pública. Na sexta-feira, começou o julgamento do ativista Liu Yuandong, que participou nas manifestações contra a censura.
Segundo os advogados dos militantes, estas audiências são organizadas um pouco antes das férias do Ano Novo Lunar justamente para reduzir sua visibilidade. Os Estados Unidos expressaram neste domingo sua profunda preocupação com a condenação de Xu.
"Pedimos às autoridades chinesas que libertem Xu e outros presos políticos imediatamente, ponham fim às restrições de sua liberdade e movimento e garantam as proteções e liberdades a que têm direito de acordo com os compromissos internacionais em termos de direitos humanos da China", indicou a porta-voz d departamento de Estado, Jen Psaki.
O departamento de Estado americano descreveu Xu como "um defensor público da transparência fiscal e da luta contra a corrupção oficial".
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A Anistia Internacional denunciou na semana passada a hipocrisia das autoridades chinesas que julgam esses militantes ao mesmo tempo que falam de transparências e luta contra os subornos.
O embaixador da União Europeia na China também expressou sua preocupação pelo endurecimento em relação aos defensores das liberdades. Pequim respondeu reclamando que os países estrangeiros devem respeitar "a não interferências em assuntos internos da China".