Agência France-Presse
postado em 28/01/2014 17:38
Havana - O II cúpula Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), presidida pelo chefe de Estado cubano Raúl Castro, foi inaugurada nesta terça-feira (28/1) em Havana, com críticas aos Estados Unidos e um minuto de silêncio em homenagem ao falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que promoveu o bloco.Este encontro regional, que reúne a grande maioria dos governantes da região e exclui Estados Unidos e Canadá, pretende enviar uma mensagem contra a política de Washington de isolar a ilha e também servirá para que os presidente de Peru e Chile se encontrem pela primeira vez depois da decisão de um conflito sobre territórios marítimos.
Raúl Castro criticou duramente os Estados Unidos em seu discurso de abertura por seu programa global de espionagem das telecomunicações, que afetou, inclusive, governantes aliados de Washington, afirmando que isso "gera preocupação por suas potencialidades para provocar conflitos internacionais".
"É preciso evitar que o ciberespaço se torne um palco de operações militares", acrescentou, referindo-se ao programa secreto de espionagem denunciado pelo ex-analista de inteligência americano Edward Snowden.
"Os chamados ;centros de poder; não se conformam por ter perdido o controle desta rica região", afirmou ainda em referência aos Estados Unidos.
Castro também pediu aos presentes que respeitassem um minuto de silêncio por Hugo Chávez.
"Lamentamos profundamente a ausência física de um dos grandes líderes de nossa América", afirmou.
Uma proposta de declaração mais enfática sobre Chávez causou atritos no fim de semana entre Cuba e Panamá. O parágrafo em questão teve de ser modificado.
Na cúpula participam os 33 países do bloco, apesar de nem todos os governantes estarem presentes.
Como convidados especiais estão os secretários-gerais da ONU, Ban Ki-moon, e da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, na primeira visita de um chefe dessa entidade à ilha em meio século.
Após a cerimônia de inauguração, haverá uma nova plenária pública à tarde e, à noite, os presidente irão ao Palácio da Revolução para tirar a foto oficial do evento e participar de um jantar de gala.
Os governantes devem assinar nesta quarta-feira uma declaração contendo mais de 80 pontos, com temas que vão desde à luta contra a pobreza ao desarmamento.
Na quarta-feira, no encerramento do encontro, Cuba vai entregar à Costa Rica a presidência rotativa da Celac, depois de tê-la exercido durante o último ano. O posto representou o máximo reconhecimento diplomático que a ilha recebeu da região em 50 anos.
Analistas consideram que a cúpula significa um forte sinal aos Estados Unidos de que a região, de 600 milhões de habitantes, não aceita mais o isolamento de Cuba, ainda que isso não vá levar a uma mudança da política norte-americana, remanescente da Guerra Fria.
"Há anos as democracias da América Latina vêm pedindo o fim do embargo. Há anos que os Estados Unidos ignoram esse pedido", declarou à AFP o cientista político Patricio Navia, da Universidade de Nova York.
Humala e Piñera frente a frente
A cúpula também será o primeiro encontro entre os presidentes do Peru, Ollanta Humala, e do Chile, Sebastián Piñera, depois da decisão histórica do Tribunal Internacional de Haia, na segunda-feira, sobre os limites marítimos dos países, em favor de Lima.
Por causa do julgamento, os dois foram os últimos líderes a confirmar presença no evento.
Humala chegou nesta terça para assistir à cúpula desde o início, enquanto Piñera chega na quarta, acompanhado da presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet, que assume no dia 11 de março.
A maioria dos chefes de Estado chegou ao país entre domingo e segunda, entre eles o presidente uruguaio, José Mujica, que pretende mediar as negociações de paz da Colômia, que acontecem há 14 meses na ilha.
Também chegou o presidente paraguaio, Horacio Cartes, marcando o retorno de seu país ao bloco, do qual tinha sido suspenso em 2012.
A presidente Dilma Rousseff aproveitou sua presença e se reuniu com o líder histórico cubano Fidel Castro na segunda-feira, quando mantiveram um ;diálogo ameno; sobre os investimentos brasileiros na ilha e temas internacionais, informou o jornal oficial Granma.
O Granma publicou uma foto do encontro, na qual uma Dilma sorridente segura o braço do líder cubano, que veste um agasalho esportivo.