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Obama coloca ultimato para Irã, Guantânamo e reforma migratória

O presidente falou durante quase uma hora, no discurso anual conhecido como estado da União, no Congresso em Washington, para sentenciar: "Vamos fazer deste um ano de ação"

postado em 29/01/2014 01:21

O presidente americano Barack Obama propôs, nessa terça-feira (28/1, data local) o aumento do salário mínimo e uma agenda prática para avançar a reforma migratória em 2014, além do compromisso com o fechamento da prisão de Guantânamo e com a solução da questão nuclear no Irã. Ele falou durante quase uma hora, no discurso anual conhecido como estado da União, no Congresso em Washington, para sentenciar: "Vamos fazer deste um ano de ação".

Na política externa, Obama praticamente ignorou a questão da espionagem internacional e ateve-se às questões de segurança. Ele se comprometeu a fechar definitivamente o complexo de Guantânamo, em Cuba - promessa que já completa cinco anos - e falou em flexibilização das relações com o Afeganistão, mas sem perder de vista o compromisso antiterrorismo: "A relação com o Afeganistão vai mudar, mas uma coisa não vai: nossa determinação de que terroristas não lançam ataques contra nosso país"

"A verdade é que esse perigo continua existindo", prosseguiu; "temos que continuar trabalhando com parcerias para desmantelar essas redes". O acompanhamento da questão nuclear no Irã, com negociações para eliminação de armas de destruição de massa também merece atenção, segundo Obama.

A imigração - um dos temas considerados estratégicos no discurso sobre o estado da União no ano passado, que pouco avançou em termos práticos durante 2013 - voltou à pauta, desta vez com prazo. "Está na hora de consertarmos de uma vez por todas nossa legislação de imigração. Um ajuste nessa questão pode diminuir nosso déficit em US$ 1 trilhão nas próximas décadas. Vamos resolver isso este ano".

Turbulências
Os impasses com o Congresso também inspiraram alfinetadas. "Quando o debate nos impede de levar as condições da democracia a cabo, quando as divergências impedem o governo de agir, não estamos fazendo nosso trabalho de proteger o povo americano. Como presidente, meu compromisso é reconstruir a confiança que os americanos têm em nós", disse Obama.

O tom do discurso teria sido mais duro, conforme trechos previamente publicados pela imprensa americana. Agências e sites de notícias chegaram a destacar que o presidente não descartaria agir por decreto, para se sobrepor à turbulenta relação com o Congresso. Os trechos polêmicos, que continham compromissos como "dar passos sem legislação para expandir as oportunidades para as famílias americanas", contudo, não constaram na versão final.

Mulheres e trabalho
Sobre as desigualdades no mercado de trabalho, Obama citou o seriado Mad Men, que se passa nos anos 1960 e evidencia relações machistas em ambientes corporativos. "Se uma mulher obtém sucesso, a América obtém sucesso", disse Obama, que defendeu direitos trabalhistas e equiparidade salarial.

Um ano atrás

As dificuldades na relação com o Congresso encontram bom exemplo na comparação com o discurso sobre o Estado da União de 2013, em que o presidente prometeu agir em três questões importantes: imigração, armas e meio ambiente - nenhuma legislação sobre esses temas avançou de lá para cá.

Confira as frases de impacto do presidente, no discurso

"A China não é mais o melhor lugar para se investir. Os EUA se tornaram esse lugar"

"Em todas as questões, hoje, o mundo olha para nós. E não apenas pelo tamanho da nossa economia, mas por nossos ideais"

"Acredito que depois de cinco anos, os EUA estão mais bem posicionados para o século 21 que qualquer outra nação na Terra"

"O compromisso com orçamento é importante para criar novos empregos e não novas crises"

"Vamos fazer deste um ano de ação"

"Não vamos concordar em todos os fatores. Estou pedindo série de propostas firmes, para que mais pessoas possam fortalecer a classe média"

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