Agência France-Presse
postado em 29/01/2014 16:06
Cuba recebeu um sólido apoio na cúpula da América Latina e do Caribe, que termina nesta quarta-feira (29/1) em Havana, ao qual se somou o anúncio feito pela União Europeia (UE) de que vai negociar um novo acordo com a ilha comunista.
Trinta governantes dos 33 países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) participaram da cúpula de Havana, em uma mostra do seu apoio às reformas econômicas do presidente cubano, Raúl Castro, e da rejeição à política dos Estados Unidos em relação à ilha.
[SAIBAMAIS]Pela primeira vez em 50 anos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) foi a Havana, representada pelo seu secretário-geral, José Miguel Insulza. Cuba foi expulsa da organização integrada pelos Estados Unidos em 1962. O organismo suspendeu seu veto em 2009, mas Havana se nega a voltar.
"Nunca antes, desde 1959 até hoje, Havana havia recebido um apoio regional público tão claro", declarou à AFP o analista Arturo López-Levy, da Universidade de Denver.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se reuniu com Raúl Castro, com o líder Fidel e com dirigentes para abordar o tema da "detenção arbitrária" de opositores.
Muitos dos líderes que foram à cúpula da Celac conseguiram se reunir com Fidel Castro, incluindo a presidente Dilma Rousseff.
UE aberta a Cuba
A UE, que questiona a política de direitos humanos do governo de Havana, deu sinais de abertura a Cuba.
Os países da UE chegaram a um "novo acordo global" para negociar com Cuba com o objetivo de "consolidar as relações existentes", indicou nesta quarta-feira em Bruxelas uma fonte diplomática.
O acordo "vai estimular o processo de reformas e realizar um diálogo baseado no respeito aos direitos humanos", acrescentou.
Essa decisão foi anunciada depois de uma sequência de visitas de chanceleres europeus a Havana, buscando deixar para trás a política de pressões adotada pela UE nos anos 90 que condicionava a cooperação à situação dos direitos humanos na ilha.
Este encontro da Celac -que exclui Estados Unidos e Canadá- pretende enviar um sinal contra a política de Washington de isolar a ilha.
No entanto, os analistas acreditam que a postura dos Estados Unidos em relação a Cuba será mantida.
"Acredito que nada na cúpula da Celac levará os Estados Unidos a modificarem sua postura sobre Cuba", disse à AFP o cientista políticoo Patricio Navia, da Universidade de Nova York.
Até o momento, Washington tem ignorado a cúpula.
Mesmo com os passos dados na direção da liberalização econômica por Raúl Castro depois de ter assumido em 2006 o lugar do irmão, Fidel, o governo da ilha ainda sofre pesadas críticas relacionadas aos direitos humanos.
Opositores cubanos e a Anistia Internacional denunciaram uma onda detenções nos últimos dias, durante a cúpula.
Nenhum mandatário presente em Cuba anunciou a intenção de se reunir com dissidentes.