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Regime e oposição sírios discutem terrorismo em conferência de Genebra

O regime considera que a oposição e a rebelião são terroristas financiados pelo exterior e acusa, em particular, os combatentes jihadistas de semear o terror

Agência France-Presse
postado em 30/01/2014 11:19
Genebra - As negociações entre o regime sírio e seus adversários se resumiram nesta quinta-feira a um debate estéril sobre "terrorismo" na Síria, no momento em que a oposição anunciando que seu líder vai no dia 4 de fevereiro a Moscou, grande aliado de Damasco.

No sexto e antepenúltimo dia de negociações em Genebra com o mediador Lakhdar Brahimi, as delegações das duas partes, em guerra há quase três anos, se acusaram mutuamente de atos de "terrorismo" em um país devastado pelos bombardeios do regime e por combates entre rebeldes e jihadistas estrangeiros.

"Não houve acordo sobre a forma de tratar o terrorismo", afirmou Brahimi durante uma entrevista coletiva à imprensa, lamentando que não haja "realmente uma mudança na posição dos dois interlocutores".

Essa primeira rodada de negociações, iniciadas sob pressão dos americanos, aliados da oposição, e dos russos, terminará na sexta-feira, sem que haja um avanço real, nem sobre a questão de transição política, nem sobre a questão humanitária. O mediador Brahimi, que considera este primeiro face a face entre as partes em conflito é um êxito por si só, anunciou que a última reunião de sexta-feira terá como objetivo tirar "lições" e buscar uma organização melhor para a próxima rodada.

Ela deve acontecer por volta do dia 10 de fevereiro em Genebra. A data será confirmada na sexta-feira.

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Entre as duas rodadas, o líder da Coalizão Opositora Síria, Ahmad Jarba, irá a Moscou no dia 4 de fevereiro para a sua primeira visita oficial a esse aliado do regime sírio, anunciou a oposição, indicando que atende a um convite russo.

"Estamos em contato com os russos (...) Acredito que a relação com os russos deve evoluir de forma positiva", afirmou Jarba na quarta em Genebra à televisão Al-AAn, com sede em Dubai.

Nesta quinta, Jarba declarou que o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, havia dito a ele durante um encontro em Paris que a Rússia "não está presa" ao presidente Assad.

Regime ordena punição coletiva

A organização Human Rights Watch denunciou nesta quinta que o governo sírio demoliu milhares de habitações nas regiões onde a população apoia a oposição em Damasco e Hama (centro) como "punição coletiva". A organização acusa o poder de "riscar do mapa bairros inteiros".

Essa organização de defesa dos direitos Humanos documentou dois casos em Hama e cinco nos arredores de Damasco entre julho de 2012 e julho de 2013, utilizando imagens por satélite. Ela calcula que 140 hectares, o equivalente a 200 campos de futebol, foram destruídos. Em Wadi al-Joz, um bairro de Hama, as imagens de satélite mostram em abril de 2013 uma série de habitações entre duas ruas, que um mês após aparecem apenas espaços em branco.

Segundo a organização, todos os locais atingidos aderiram à rebelião, e é difícil de acreditar na justificativa do governo, segundo a qual faz parte de um plano de restruturação urbanística.

Enquanto, paralelamente às negociações políticas, a questão humanitária não avança em Genebra, o Crescente Vermelho Sírio pediu que todas as partes em conflito garantam o acesso "sem entraves" dos comboios de ajuda a todas as regiões do país.

Um comboio de ajuda alimentar conseguiu entrar nesta quinta-feira no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, onde um cerco feito pelo Exército desde junho de 2013 causou a morte de mais de 80 pessoas, anunciaram uma agência da ONU e a de notícias Sana.

Mais de 130.000 pessoas morreram desde o início do conflito, há quase três anos, e milhões de outras precisaram se deslocar ou procurar refúgio em países vizinhos.

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