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Ucrânia ainda segue sem solução e presidente entra de licença médica

Na quarta-feira (29/1), Viktor Yanukovytch foi ao Parlamento, que discutia uma lei de anistia aos manifestantes detidos durante os protestos, uma das principais reivindicações da oposição

Kiev - O presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, está doente e de licença médica em plena crise política no país, onde a oposição se nega a deixar as ruas, apesar das concessões do governo. O chefe de Estado, que há dois meses enfrenta um movimento de contestação sem precedentes, sofre de uma "doença respiratória aguda" e está de "licença médica". Ainda assim, em um comunicado Yanukovytch reconheceu ter cometido "erros", mas acusou a oposição de "continuar a inflamar a situação" em razão "das ambições políticas de alguns" de seus líderes.



"A oposição parlamentar não irá trair Maidan", o nome ucraniano da Praça da Independência, coração dos protestos em pleno centro de Kiev e símbolo do movimento, afirmou por sua vez na quarta-feira à noite o líder do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnybok, a centenas de manifestantes reunidos sob uma temperatura de -20;C.

[SAIBAMAIS]Pressão internacional

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, em viagem a Kiev na quarta-feira, declarou que "a violência e as intimidações, de onde quer que venham, devem cessar". Inicialmente, os europeus apoiaram explicitamente a mobilização popular na Ucrânia, nascido em resposta à decisão de Yanukovytch de não assinar um acordo de associação com a UE e de privilegiar uma aproximação com Rússia, que concedeu um crédito de 15 bilhões de dólares a Kiev e uma redução do preço do gás.

Após os violentos confrontos entre os manifestantes e as forças de ordem na capital as autoridades europeias exortaram o diálogo, apesar de ainda condenarem a adoção das leis repressivas que levaram aos episódios de violência. Berlim indicou que a chanceler Angela Merkel telefonou a Vladimir Putin, pedindo que o presidente russo colabore com um diálogo construtivo.

Já a Rússia, que apoia o governo ucraniano desde o início da crise, se mostrou prudente quanto às mudanças que têm acontecido no país. Putin alertou para "qualquer ingerência" nos assuntos internos da Ucrânia, mas também deixou claro que vai "aguardar a formação do novo governo ucraniano" para se assegurar de que há como levar adiante os acordos concluídos em dezembro sobre uma ajuda de 15 bilhões de dólares.

Por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, exortou nesta quinta-feira Yanukovytch a cumprir as promessas feitas à oposição. "Faço um apelo ao presidente ucraniano: apesar dos progressos nas discussões com a oposição, as promessas feitas para a oposição devem ser levadas a sério", disse Steinmeier, durante uma coletiva de imprensa com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki -moon, em Berlim.