Agência France-Presse
postado em 30/01/2014 17:59
Bruxelas - Os membros da União Europeia exigem que seja esclarecido quantos países do Mercosul participarão do acordo de livre comércio com o bloco sul-americano antes de continuar as negociações, várias vezes adiadas.Embora oficialmente "a UE e o Mercosul estejam na etapa final da preparação de suas respectivas ofertas", segundo a Comissão Europeia, elas estão longe do fim. O prazo para apresentá-las já tinha sido estendido até janeiro.
A UE quer saber com quem negocia, se com o Mercosul como bloco, com seus quatro membros fundadores (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), com três membros da união alfandegária sul-americana sem contar a Argentina, ou com cada país separadamente.
Ambas as partes "devem moldar o volume da oferta em função do formato de negociação", informou uma fonte diplomática à AFP. Este volume "não será o mesmo se negociam com três ou quatro países", acrescentou.
Esta incógnita gera incerteza entre os europeus, apesar das declarações sobre a unidade do Mercosul nesta negociação, como a do ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, na semana passada, no fórum de Davos, afirmando que o Brasil "não pensa em excluir a Argentina".
Na semana passada os representantes dos 28 países membros da UE pediram à Comissão, que tem o mandato de negociação, que esclarecesse com quem negociam exatamente, informaram, separadamente, duas fontes diplomáticas.
Para a UE, o interesse do Brasil de alcançar um acordo é claro. O presidente da Comissão o destacou no começo de dezembro em uma entrevista: "o Brasil quer um acordo (...) deve decidir se quer junto ao Mercosul e os outros países também".
Barroso, que termina seu mandato à frente da Comissão Europeia em outubro, tem pressa para selar o acordo de livre comércio e acrescentá-lo a seu legado.
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"Cada país (do Mercosul) fez sua oferta, o problema é que a sensibilidade dos setores é diferente entre os países", informou uma fonte diplomática. Isso leva a que, quando se cruzam as ofertas, a porcentagem total é baixa.
"Tecnicamente as discussões mostraram que é muito difícil ter uma oferta única (do Mercosul) por isso precisa de uma decisão política (dos presidentes dos países sul-americanos envolvidos) para fazer quatro ofertas", acrescentou, destacando a "dificuldade de ter ofertas separadas" que tornaria sem efeito a união aduaneira nascida do Tratado de Assunção.
Esta "decisão política" deve surgir de uma reunião dos líderes do Mercosul, cúpula adiada três vezes e que deve ser realizada agora em fevereiro.
Os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, assim como a Venezuela, último país a se incorporar ao bloco, devem decidir, paralelo à cúpula de Havana da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), uma data para o próximo encontro do Mercosul.
O Mercosul e a UE retomaram em 2010 as negociações - após uma suspensão de seis anos - para fechar um acordo de livre comércio entre ambos os blocos.
Contudo, as medidas protecionistas adotadas pela Argentina - denunciadas pelos Estados Unidos e a UE na Organização Mundial do Comércio (OMC)- e a suspensão, no ano passado, do Paraguai da união aduaneira sul-americana pela destituição do então presidente Fernando Lugo atrasaram as conversas.
A Venezuela, último sócio a se integrar ao bloco, ainda está adaptando suas normas e tarifas às do Mercosul e, por isso, não participará nas negociações com a UE.