Agência France-Presse
postado em 30/01/2014 18:51
Lima - Forças policiais do Peru dinamitaram equipamentos de extração ilegal de ouro perto de uma reserva natural, em uma ampla operação iniciada no sábado e que será prorrogada por cinco dias, destinada a evitar a destruição da região amazônica, na fronteira do Brasil com a Bolívia.A mineração ilegal acontece no departamento de Madre de Dios, em uma região denominada Mega 13, que ameaça a reserva natural de Tambopata, uma das mais importantes do país, e perto da estrada Interoceânica, que liga o país ao Brasil, disse no domingo à AFP Daniel Urresti, Alto Comissário para Assuntos de Formalização da Mineração e Remediação Ambiental.
"Com cargas explosivas inutilizamos 50 motores, lavadoras que separam o ouro do mercúrio, balsas e outros equipamentos utilizados dos mineradores ilegais", afirmou.
No lugar também foi desmontado "um acampamento onde viviam mineiros em casebres erguidos com paus e plástico, além de muitos bares e prostíbulos", acrescentou.
A operação começou no sábado com helicópteros que chegaram de surpresa ao lugar e fizeram oito patrulhas, cada uma com 100 policiais, acompanhados de promotores.
"Os motores dinamitados são a terça parte dos que atuam clandestinamente na Mega 13, razão pelas quais as ações policiais continuarão até a quarta-feira até detectá-los", afirmou.
Os mineiros ilegais foram para Mega 13 depois de terem sido expulsos em outras ações policiais foram expulsos de uma região devastada conhecida como Pampa.
A partir de agora, serão celebradas ações de interdição duas vezes por mês para evitar que os mineiros tentem voltar em algumas semanas, prosseguiu Urresti. Antes, as intervenções policiais eram muito espaçadas, o que permitia que voltassem com novos equipamentos. "Com a nova estratégia, impediremos que se instalem novamente", explicou.
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"Por trás dos trabalhadores que extraem ouro, chamados garimpeiros, estão os verdadeiros minérios ilegais, que são os financiadores que compram os motores e outros equipamentos", disse Urresti.
"Esses garimpeiros vivem em estado de semi-escravidão, recebem um pagamento mínimo e têm uma cota diária de ouro que devem entregar aos mineiros ilegais", explicou o funcionário.
Em Madre de Dios atuam 5 mil mineiros informais que trabalham em um corredor de mineração aceito pelas autoridades e estão em processo de formalização junto às autoridades, mas se desconhece o número de mineiros ilegais.
Urresti explicou que os mineiros ilegais agem fora desse corredor, extraem ouro dos rios amazônicos e colocam seus motores debaixo d;água, o que está proibido.
É por isso que na operação também participaram mergulhadores para detectar o maquinário oculto debaixo d;água. Peru tem, atualmente, mais de 62 milhões de hectares de florestas amazônicas, o que constitui 48% de seu território, segundo estatísticas oficiais.
As mesmas estatísticas destacam que mais de 55 mil hectares de floresta amazônica foram devastados pela mineração ilegal nos rios de Madre de Dios. Quinto produtor mundial de ouro, o Peru produz entre 160 e 170 toneladas anuais de ouro, 20% procedentes da mineração artesanal.
A contaminação pelo uso de mercúrio no processo para separar o ouro fez com que 8 em cada 10 moradores de Puerto Maldonado, capital de Madre de Dios, apresentem níveis de mercúrio três vezes mais elevados do que o aceitável para a saúde, segundo estudos de autoridades sanitárias.