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Confrontos entre manifestantes marcam véspera das eleições na Tailândia

Os incidentes explodiram quando um grupo de partidários do governo se aproximou de manifestantes que bloqueavam um edifício no qual estão as urnas que devem ser distribuídas aos locais de votação

Agência France-Presse
postado em 01/02/2014 11:57
Bangcoc - Manifestantes favoráveis e contrários ao governo protagonizaram confrontos neste sábado em Bangcoc, na véspera das eleições legislativas na Tailândia que os opositores da primeira-ministra desejam impedir.

No bairro de Lak Si, zona norte da capital, foram ouvidos tiros durante pelo menos uma hora. Jornalistas e moradores foram obrigados a buscar refúgio em um centro comercial das imediações.

Segundo o centro de emergências Erawan, pelo menos três pessoas foram internadas após os confrontos entre os partidários do governo e os ativistas que tentam impedir a votação de domingo. A polícia informou que pelo menos duas bombas incendiárias foram lançadas.

Os incidentes explodiram quando um grupo de partidários do governo se aproximou de manifestantes que bloqueavam um edifício no qual estão as urnas que devem ser distribuídas aos locais de votação.

A primeira-ministra Yingluck Shinawatra enfrenta há três meses manifestações quase diárias que exigem sua renúncia e o fim da influência de seu irmão, Thaksin, ex-chefe de Governo destituído por um golpe de Estado militar em 2006.

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Thaksin, um milionário que vive no exílio, é acusado de governar por meio da irmã e de ter estabelecido um sistema de corrupção generalizado a favor de seus aliados.

Os manifestantes, que desejam a substituição do governo por um "conselho popular" não eleito, defendem o boicote das eleições de domingo por todos os meios.

"O governo é corrupto. Se permitirmos que organize a votação, eles voltarão", declarou Sirames, um dos manifestantes reunidos em Lak Si, antes da explosão de violência.

O diretor do Conselho de Segurança Nacional, Paradorn Pattanatabut, afirmou que os manifestantes também bloqueavam as agências dos correios no sul do país para impedir a entrega das urnas e das cédulas de votação em várias províncias.

A crise já provocou três mortes, por ataques com granada e por tiros de pessoas não identificadas contra manifestantes.

Os incidentes mais violentos aconteceram em novembro, quando cinco pessoas morreram em circunstâncias confusas à margem de confrontos entre manifestantes antigovernamentais e integrantes do movimento pró-Thaksin, os "camisas vermelhas".

Para tentar evitar a violência, 130.000 policiais serão mobilizados no domingo em todo o país para proteger os 93.500 locais de votação.

Apesar do estado de exceção em vigor em Bangcoc, os manifestantes já prejudicaram no domingo passado a votação antecipada, destinada aos tailandeses que não podem comparecer a suas circunscrições em 2 de fevereiro.

Quase 440.000 votantes, dos dois milhões de registrados, não conseguiram depositar os votos nas urnas e terão direito a uma nova votação em 23 de fevereiro.

O partido governista Puea Thai é novamente favorito, entre outros motivos porque a principal formação da oposição, o Partido Democrata, boicota a eleição.

A situação política levou a Comissão Eleitoral a advertir que os resultados definitivos podem demorar meses.

Mas, mesmo com os resultados, o Parlamento não poderá entrar em sessão por falta de quórum: devem faltar 95% dos deputados. Várias circunscrições estão sem candidatos porque os manifestantes impediram o registro das candidaturas.

A crise é mais um episódio das tensões políticas provocadas pelo golpe de Estado contra Thaksin, atualmente exilado para evitar a prisão por uma condenação por fraude financeira.

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