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Opositores ucranianos expressam temor de ação militar

Lideranças opositoras alertaram para os riscos de uma intervenção do Exército em Kiev

Agência France-Presse
postado em 01/02/2014 14:55
Munique - Os ocidentais expressaram neste sábado seu apoio à oposição ucraniana em um encontro em Munique com as lideranças opositoras, que alertaram para os riscos de uma intervenção do Exército em Kiev.

Os líderes da oposição, Vitali Klitschko e Arseni Yatseniuk, manifestaram sua preocupação ao secretário de Estado americano, John Kerry, e a seus colegas francês, Laurent Fabius, e alemão, Frank-Walter Steinmeier, que se reuniram com eles separadamente neste sábado. "Estados Unidos e União Europeia estão ao lado do povo ucraniano em sua luta" para se aproximar da Europa, afirmou Kerry durante a Conferência sobre a Segurança de Munique.

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Em Kiev, o partido da opositora presa Yulia Timoshenko indicou à AFP que o poder central ucraniano está preparando a instauração de um estado de emergência para acabar com dois meses de uma onda de contestação.

O Exército ucraniano havia exigido na sexta-feira medidas urgentes, afirmando que a escalada do movimento de protesto ameaça "a integridade territorial" desta ex-república soviética. "Rumores circulam sobre o estado de emergência e a mobilização das forças de segurança em Kiev", declarou uma fonte diplomática francesa. "Decisões como essas não serão aceitas", disse.

Ao se reunirem com os principais líderes da oposição, os ocidentais mostram que os consideram interlocutores que não podem ser descartados. "Devemos evitar uma guerra civil", disse Vitali Klitschko depois de se reunir com o chefe da diplomacia alemã, Franz-Walter Steinmeier.

Em uma clara referência à Rússia, Kerry afirmou que os ucranianos "consideram que seu futuro não depende de apenas um país e certamente, sem ameaça". Essas declarações foram as mais fortes feitas até o momento por Washington em favor da oposição. "A Rússia e os outros países não deveriam ver a integração europeia de seus vizinhos como um jogo de soma zero", ressaltou John Kerry.

Atingidos em cheio, os russos tentaram ironizar as reuniões entre opositores e ocidentais. "Isto é um circo", postou sexta-feira no Twitter o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozine.

Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov denunciou as críticas de autoridades da UE e dos Estados Unidos contra o regime ucraniano. "Como os apoios a manifestações de rua cada vez mais violentas são ligados à promoção da democracia?", questionou Lavrov.

Apesar das críticas, durante a conferência, o ministro russo discutiu soluções para a crise com seus homólogos americano, francês e alemão. "É estranho"

O movimento de contestação nasceu da recusa de Viktor Yanukovytch em assinar, no final de novembro, um acordo de associação com a UE, preferindo uma reaproximação com Moscou. Os protestos se transformaram em uma grave crise que preocupa o exterior.

Os serviços especiais anunciaram na madrugada de sexta-feira para sábado em Kiev a abertura de uma investigação por "tentativa de tomada de poder" depois de terem examinado documentos apreendidos em dezembro na sede do partido Batkivchtchina, formação de Yulia Timoshenko dirigida atualmente por Yatseniuk.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, anunciou que visitará novamente Kiev na próxima semana para tentar ajudar a solucionar o conflito que deixou pelo menos quatro mortos e mais de 500 feridos.

Vitali Klitschko denunciou neste sábado as pressões do governo sobre o militante Dmytro Bulatov, hospitalizado depois de ter sido sequestrado e torturado.

Dmytro Bulatov, de 35 anos, "ainda está hospitalizado, submetido a tratamento intensivo, não está bem, e o governo ucraniano, apesar de tudo, tenta pressioná-lo", disse Klitschko, em um discurso em um palanque próximo ao hotel onde foi realizada a Conferência sobre Segurança em Munique. "É estranho: ele volta depois de ter sido sequestrado e a polícia o coloca em prisão domiciliar", afirmou Klitschko.

O sequestro de Dmytro Bulatov, no dia 22 de janeiro, causou consternação em Washington e na Europa, despertando temores de uma repressão dissimulada.

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