Agência France-Presse
postado em 01/02/2014 17:32
Munique - Os ocidentais garantiram neste sábado seu apoio à oposição ucraniana em um encontro em Munique com as lideranças opositoras, que alertaram para os riscos de uma intervenção do Exército em Kiev.
Os líderes da oposição, Vitali Klitschko e Arseni Yatseniuk, realizaram uma vasta campanha de sensibilização, reunindo-se em separado neste sábado com o secretário de Estado americano, John Kerry, e seus colegas francês, Laurent Fabius, e alemão, Frank-Walter Steinmeier.
"Estados Unidos e União Europeia estão ao lado do povo ucraniano em sua luta" para se aproximar da Europa, afirmou Kerry durante a Conferência sobre a Segurança de Munique.
[SAIBAMAIS]Os opositores alertaram para o risco de um recurso à força em Kiev. "O governo preferiu seguir o caminho da escalada", denunciou Vitali Klitschko. "Esse caminho não é aceitável para nós", acrescentou o ex-boxeador, muito aplaudido pelos conferencistas durante o seu discurso.
Presente ao lado de Klitschko para o debate, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Leonid Kojara, pediu que a oposição "divida as responsabilidades". "Se vocês lideram a oposição, assumam suas responsabilidades", disse a Klitschko, lembrando as recentes concessões do presidente Viktor Yanukovytch, como a suspensão de algumas leis repressivas.
Arseni Yatseniuk exigiu que o governo "impeça qualquer envolvimento do Exército ucraniano neste conflito". O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou, depois de ter se reunido com os líderes da oposição, que "a situação ucraniana dá sinais preocupantes de degradação" e condenou "a ameaça do governo de instaurar um estado de emergência".
Em Kiev, o partido da opositora presa Yulia Timoshenko indicou à AFP que o poder central ucraniano está preparando a instauração de um estado de emergência para acabar com dois meses de uma onda de contestação.
O Exército havia exigido na sexta-feira medidas urgentes, afirmando que a escalada do movimento de protesto ameaça "a integridade territorial" desta ex-república soviética.
Ao se reunirem com os principais líderes da oposição, os ocidentais mostram que os consideram interlocutores que não podem ser descartados.
Em uma clara referência à Rússia, Kerry afirmou que os ucranianos "consideram que seu futuro não depende de um único país e, certamente, não sob ameaças". Essas declarações foram as mais fortes feitas até o momento por Washington em favor da oposição.
Atingidos em cheio, os russos tentaram ironizar as reuniões entre opositores e ocidentais. "Como os apoios a manifestações de rua cada vez mais violentas são ligados à promoção da democracia?", questionou o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.
Apesar das críticas, durante a conferência, Lavrov discutiu soluções para a crise com seus homólogos americano, francês e alemão. O movimento de contestação nasceu da recusa de Viktor Yanukovytch em assinar, no final de novembro, um acordo de associação com a UE, preferindo uma reaproximação com Moscou. Os protestos se transformaram em uma grave crise que preocupa o exterior.
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A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, anunciou que visitará novamente Kiev na próxima semana para tentar ajudar a solucionar o conflito que deixou pelo menos quatro mortos e mais de 500 feridos.
Vitali Klitschko denunciou neste sábado as pressões do governo sobre o militante Dmytro Bulatov, hospitalizado depois de ter sido sequestrado e torturado.
"É estranho: ele volta depois de ter sido sequestrado e a polícia o coloca em prisão domiciliar", afirmou Klitschko. Mas, segundo Berlim, Bulatov poderá ser autorizado a deixar a Ucrânia para ser tratado na Alemanha, se assim desejar.