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Presidente da Ucrânia pode antecipar eleições para acabar com crise

O presidente pensa em duas saídas para solucionar a crise política: "anistiar os manifestantes detidos e liberar os edifícios públicos ocupados" ou celebrar "eleições antecipadas"

Agência France-Presse
postado em 04/02/2014 09:19
Kiev -O governo ucraniano indicou nesta terça-feira que cogita a convocação de eleições antecipadas, antes do desembarque em Kiev da chefe da diplomacia da UE, Catherine Ashton, e da retomada do diálogo com a oposição no Parlamento.

Neste contexto, um dos líderes da oposição, Vitali Klitschko, que se reuniu com Yanukovytch, exigiu uma reforma constitucional urgente para terminar com a ditadura do presidente. Yanukovytch respondeu que uma reforma constitucional para dar mais poder ao parlamento e ao governo poderia levar até seis meses.

"Isso aumentará a febre da sociedade", comentou Klitschko ao término do encontro.

Mas Yanukovytch talvez possa organizar eleições legislativas e presidenciais antecipadas para acabar com a crise política, conforme afirmou à AFP seu representante no Parlamento, Yuri Miroshnichenko.

Yanukovytch citou a possibilidade durante um encontro com deputados de seu partido na semana passada, relatou Miroshnichenko. A Ucrânia enfrenta mais de dois meses de protestos sem precedentes.

O conflito envolve os partidários de uma aproximação com a União Europeia (UE) e os simpatizantes da Rússia, duas fontes potenciais de ajuda financeira que a Ucrânia, à beira da suspensão de pagamentos, necessita urgentemente. Miroshnichenko explicou que Yanukovytch apontou duas possibilidades para solucionar a crise política: "a primeira consistiria em anistiar os manifestantes detidos e obter a liberação dos edifícios públicos ocupados pelos manifestantes e a segunda em convocar eleições antecipadas".

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"Nós votamos a lei de anistia, mas até o momento não foi aplicada", disse. A oposição considerou a lei "inaceitável" por transformar pessoas detidas em "reféns", já que a libertação depende da desocupação prévia dos edifícios públicos.

A oposição exige a libertação incondicional dos militantes detidos. Miroshnichenko afirmou que o governo espera acabar com a crise com a primeira possibilidade, mas que a segunda alternativa permanece sobre a mesa. As manifestações contra o abandono, no fim de novembro, de um acordo de associação com a UE em benefício de uma aproximação com a Rússia se transformaram durante a crise em uma contestação direta ao regime de Yanukovytch.

"As pessoas saíram às ruas porque queriam dizer ;não queremos seguir vivendo no reino da arbitrariedade e da corrupção total, em um país onde as pessoas não têm futur;", afirmou um dos líderes da oposição, o ex-boxeador Vitali Klitschko.

"O poder é totalmente responsável pela crise política. Devemos deter o ditador", completou Klitschko. Ele propôs o retorno à Constituição de 2004. O texto, surgido da Revolução Laranja pró-Ocidente e que dava menos poderes ao presidente do país, foi anulado pela justiça depois da chegada ao poder de Yanukovytch, em 2010.

O líder do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnybok, acusou o governo de obedecer as ordens de Moscou e pediu para "desputinizar" a vida política ucraniana. O líder da bancada do Partido das Regiões de Yanukovytch, Olexander Efremov, denunciou o "extremismo" dos manifestantes e o caos nas ruas.


Os trabalhos da sessão plenária foram suspensos durante a manhã para uma discussão dos deputados sobre a reforma constitucional exigida pela oposição. O debate agitado acontece poucas horas antes da chegada a Kiev da chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton, que conversará com representantes do governo e da oposição sobre a ajuda financeira que UE e Estados Unidos poderiam repassar a Ucrânia para ajuda o país a sair da crise.

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