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TV dinamarquesa prepara nova saga familiar para prosseguir com sucesso

Antes mesmo da exibição do primeiro episódio na Dinamarca, "The Legacy" já foi vendida para Austrália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Reino Unido

Agência France-Presse
postado em 04/02/2014 11:55
Copenhague - A televisão pública dinamarquesa, conhecida no mundo inteiro por produzir séries como "Borgen", "The Killing" e "Bron/Broen", espera prosseguir com o sucesso lançando uma nova saga familiar, ambientada nos anos 1960. Arvingerne ("Os herdeiros" em dinamarquês, vendido internacionalmente como "The Legacy") acompanha a história de quatro irmãos adultos após a morte de sua mãe, uma artista excêntrica que decide deixar sua casa de Gronnegard para uma menina abandonada e que os protagonistas não conhecem.

"A série retrata uma família moderna e é uma descrição da geração de 1968 e de seus filhos", afirma o site do canal público dinamarquês DR. "Percebemos que havia uma história que não havia sido contada, de como nos anos 60 e 70 mudaram nossa concepção de mundo e família. A emancipação sexual, o fato de realizar-se em si mesmo", disse à AFP a diretora do departamento de séries da DR, Nadia Klovedal Reich. "A série segue os quatro filhos de Veronika, cuja infância livre e caótica em Gronnegard deixou marcas, de maneiras muito diferentes".



[SAIBAMAIS]Para os telespectadores do mundo inteiro, "The Legacy" representa uma guinada na comparação com os assassinatos de "The Killing" e a intriga política de "Borgen". Mas em qualquer caso, os canais estrangeiros acreditam que conseguirão atrair os público, como aconteceu com as séries dinamarquesas anteriores. Antes mesmo da exibição do primeiro episódio na Dinamarca, "The Legacy" já foi vendida para Austrália, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Reino Unido, onde "The Killing" abriu as portas para outras séries em língua estrangeira.

As relações familiares e as disputas a respeito da herança são fenômenos universais, que devem ser identificados por espectadores do mundo inteiro. Klovedal Reich acredita, no entanto, que o sucesso da no exterior também é motivado pela vontade de ambientar suas histórias na sociedade dinamarquesa. Segundo ela, os telespectadores ao redor do mundo se viram atraídos por "Borgen" pelo fascínio provocado pela igualdade de sexos dos países nórdicos. "São mulheres que triunfaram. Trabalham há muito tempo, têm diplomas, começam a conquistar postos até então reservados aos homens", completa.

A diretora recorda uma cena com a primeira-ministra (fictícia) Birgitte Nyborg e seu marido. Este é infeliz porque a mulher, obcecada com a carreira, se mostra distante. "Ele tem uma amante e sua mulher se mudou, mas ela volta para casa. E escrevemos tudo como se ela fosse um homem". "Volta para casa e diz ao marido: ;entendo que você precise encontrar intimidade em outro lugar. Desde que seja discreto, não há problema. Mas estou prestes a discursar no Parlamento e gostaria que fizéssemos isto juntos. Também gostaria de aparecer na televisão esta noite para dizer como nosso casamento é feliz;", recorda Klovedal Reich.

A outra chave do sucesso da DR é o cuidado com os roteiros, que permite a uma equipe reduzida dominar um período de tempo relativamente extenso. No que diz respeito ao financiamento, "The Legacy" teve um orçamento menor que "The Killing" porque "uma ficção centrada em seus personagens é mais barata de produzir que uma série baseada em intriga", explica Nadia Klovedal Reich.

Os dinamarqueses pagam um dos impostos audiovisuais mais caros do mundo, o equivalente a 326 euros por ano, e têm a televisão pública com maior nível de audiência na Europa. Apesar disto, uma pesquisa mostrou que 45% dos jovens deixariam de assistir a TV pública no caso de isenção da taxa. Mesmo com esta hipótese, as séries continuariam sendo uma "prioridade, porque funcionam muito bem em um contexto de serviço público", afirma Klovedal Reich.

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