Agência France-Presse
postado em 04/02/2014 12:56
Jerusalém - A justiça israelense pediu ao ministério da Defesa que justifique o traçado da barreira de segurança na Cisjordânia, que ameaça dois locais palestinos emblemáticos. A Suprema Corte de Israel deu prazo ao ministério até 27 de fevereiro para que justifique a decisão de fazer a barreira, que os palestinos chamam de "muro do apartheid", passar pelas terras da localidade de Battir, ao sudoeste de Jerusalém.[SAIBAMAIS]Battir tem áreas agrícolas da época romana, que muitos acreditam ter grandes possibilidades de serem declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. O recurso à Suprema Corte, apresentado pela ONG Amigos da Terra/Oriente Médio, tem o apoio da Autoridade Israelense de Reservas e Parques Naturais, que considera necessário defender o local e o meio ambiente. Este apoio é pouco comum, já que a entidade é dirigida por partidários da colonização dos territórios ocupados pelo Estado de Israel em 1967.
A Suprema Corte de Israel tomou uma decisão similar sobre o traçado da barreira de segurança israelense no pitoresco vale de Cremisan, na Cisjordânia. O tribunal deu prazo ao ministério até 10 de abril para justificar o traçado e uma audiência a respeito está programada para 30 de julho. O vale de Cremisan é famoso por seu vinhedo - que produz o vinho de missa da Terra Santa - e sua comunidade monástica salesiana.
Dois terços da barreira de segurança, que o Estado de Israel prevê que terá 712 km de comprimento no futuro, já foram construídos. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) declarou a barreira ilegal em 2004 e exigiu desmantelamento, assim como a Assembleia Geral da ONU. Em vários pontos o muro foi construído dentro das terras palestinas, deixando amplos territórios isolados do restante da Cisjordânia e complicando a viabilidade de um Estado palestino viável.