postado em 05/02/2014 09:06
A situação sociopolítica de países africanos, como o Sudão do Sul e a República Centro-Africana, tem atraído uma crescente preocupação internacional. Os conflitos internos ; e a grande quantidade de deslocados, refugiados e mortos ; contrastam com índices econômicos que colocam o continente africano no topo das previsões de crescimento para os próximos anos. Em 2013, o Produto Interno Bruto da África (PIB) aumentou em 4,8%. A previsão para este ano, de acordo com o relatório African Economic Outlook, é de 5,3%. No mesmo período, a América Latina cresceu apenas 2,6%, enquanto a Europa teve um resultado nulo, recuperando-se da crise econômica. Por outro lado, indicadores de desenvolvimento social que aferem, por exemplo, o número da população abaixo da linha da pobreza, o acesso à água potável e a expectativa de vida, não acompanharam a expansão econômica.
O crescimento animador deixa de fora questões importantes para o progresso, que tem avanços mais lentos no continente, onde a maior parte dos países detém os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. De acordo com Indicadores Internacionais de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), apenas três países africanos apresentam alto IDH ; Argélia, Tunísia e Líbia. Em 2012, este último apresentou 95,5% de crescimento real do PIB, após uma violenta queda no ano anterior, quando o ditador Muamar Kadafi foi deposto e assassinado por rebeldes.
Pio Penna Filho, diretor-geral do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (Ibri)e pesquisador do Laboratório da África, vinculado à Universidade de Brasília (UnB), explica que, de forma geral, os índices econômicos não refletem a realidade da população. ;É difícil generalizar, mas o que vemos na África é um crescimento de alguns setores específicos da economia, geralmente ligados à exportação de commodities, como o petróleo e o gás;, analisa. Esses setores empregam apenas uma parte pequena de mão de obra local e não conseguem suprir a grande demanda por trabalho. ;Não veríamos essas cenas horrorosas, e o enorme fluxo de africanos tentando chegar à Europa e morrendo no caminho, se o otimismo em relação ao continente mostrasse melhores resultados na prática;, destaca Penna Filho.
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