Agência France-Presse
postado em 05/02/2014 09:36
Bagdá - Uma série de atentados cometidos nesta quarta-feira (5/2) em Bagdá, um deles diante do prédio do ministério das Relações Exteriores, deixou pelo menos 33 mortos, no momento em que as forças de segurança realizam operações para retomar o controle de regiões nas mãos de insurgentes. O Iraque está mergulhado desde o início de 2013 em uma espiral de violência, que fez mais de mil mortos apenas no mês de janeiro, em um contexto de descontentamento da minoria sunita e do conflito na Síria vizinha que incitou os insurgentes.Os três ataques mais sangrentos aconteceram em um horário de muito movimento diante do ministério, perto de um restaurante e em um mercado de autopeças, segundo fontes dos serviços de segurança. Nesses incidentes, 25 pessoas morreram e 35 ficaram feridas. As imediações do ministério das Relações Exteriores de Bagdá, onde se encontram o Parlamento e a embaixada americana, já registraram vários ataques, especialmente em agosto de 2009, quando uma explosão destruiu o edifício. Outro ataque ocorreu durante uma reunião de cúpula árabe na capital iraquiana em 2012.
Segundo fontes da segurança, o ataque foi realizado com a ajuda de um carro-bomba, mas testemunhas falam de um homem-bomba. O número de mortes poderia ter sido maior se os serviços de segurança não tivessem desativado uma bomba perto do ministério do Petróleo, também no centro da capital. Vestígios de sangue eram visíveis no chão no setor do restaurante. Soldados disseram que um de seus companheiros abraçou o suicida para tentar salvar os outros.
Horas depois, outros três carros-bomba explodiram no sudeste de Bagdá, matando oito pessoas e ferindo 32. Além disso, cinco pessoas ficaram feridas em um ataque com foguetes no centro de Bagdá. Nenhum grupo reivindicou os ataques desta quarta-feira, mas grupos sunitas, incluindo o Estado Islâmico do Iraque e no Levante (EIIL), são os principais responsáveis por ataques coordenados a civis e forças de segurança em Bagdá. Os jihadistas de EIIL também estão envolvidos no combate com as forças de segurança em Al-Anbar, uma província predominantemente sunita a oeste do país, na fronteira com a Síria e que foi um reduto da insurgência após a invasão americana de 2003.
Exército retoma terreno em Ramadi
Os membros do EIIL e outros grupos armados, assim como combatentes tribais anti-governo, controlam desde o início de janeiro a cidade de Fallujah e partes de Ramadi, cidades 60 km e 100 km a oeste de Bagdá respectivamente. O comandante das forças terrestres do exército, o general Ali Ghaidan Majeed, anunciou que as forças armadas haviam retomado o controle de bairros de Ramadi, capital da província, depois de vários dias de violentos combates.
Em Fallujah, no entanto, as forças de segurança ainda estão fora da cidade, temendo que uma ofensiva possa provocar uma longa guerra com muitas baixas e muita destruição. Ahmed Abu Risha, um chefe tribal membro das Sahwa, milícias recrutadas nas tribos sunitas para apoiar a luta contra a Al-Qaeda, declarou há alguns dias que um ataque contra Fallujah é iminente e exortou os insurgentes a depor as armas.
De acordo com testemunhas e um jornalista em Fallujah, vários bairros foram bombardeados na terça-feira à noite. Mais de 140 mil pessoas fugiram da violência na província de Al-Anbar, o maior deslocamento populacional em cinco anos no Iraque, segundo a ONU.
Diplomatas, incluindo o secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon, pediram às autoridades iraquianas para trabalhar para a reconciliação nacional, já que os insurgentes são encorajados pelo descontentamento da minoria sunita que se sente discriminada pelo governo dominado por xiitas. Mas, a dois meses antes das eleições parlamentares, o primeiro-ministro Nouri al-Maliki defende uma política linha-dura contra os insurgentes.