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ONU alerta para 'abusos atrozes' sofridos por crianças na guerra síria

Um documento entregue a ONU relata torturas sofridas por adolescentes

Agência France-Presse
postado em 05/02/2014 15:32
Nova York - A ONU advertiu que as crianças que vivem na Síria estão sofrendo abusos atrozes como consequência da guerra que atinge o país desde 2011, e responsabilizou o governo e os grupos aliados de múltiplos assassinatos, mutilações e torturas.

Já os rebeldes recrutaram jovens como soldados e utilizaram táticas terroristas em zonas de civis, de acordo com um relatório das Nações Unidas entregue na terça-feira (4/2) ao Conselho de Segurança.

O documento detalha atos de tortura chocantes nos quais menores de idade foram estuprados, espancados, expostos a descargas elétricas nos genitais e inclusive submetidos a sessões nas quais suas unhas eram arrancadas.

"Estas violações devem parar agora mesmo", afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, no relatório que se refere a incidentes ocorridos entre 1 de março de 2011 e 15 de novembro de 2013.

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"Por isso convoco todas as partes do conflito a adotar o quanto antes todas as medidas para proteger e defender os direitos de todas as crianças na Síria", manifestou.

Os direitos dos menores também são violados na medida em que as escolas estão fechadas e eles têm negado o acesso à ajuda humanitária, lembra a ONU.

"O presente relatório coloca em evidência que o uso de armas e táticas militares desproporcionais e indiscriminados por parte das forças governamentais e milícias aliadas provocou inúmeras mortes e crianças mutiladas, e bloqueou o acesso das crianças à educação e ao atendimento médico", escreveu Ban.

"As forças governamentais também são responsáveis por prisões, detenções arbitrárias, maus-tratos e torturas contra crianças", disse.

Ban também declarou que "os grupos da oposição armada são responsáveis pelo recrutamento e uso de crianças tanto em combates quanto em tarefas de apoio, assim como por dirigir operações militares, incluindo o uso de táticas terroristas, em áreas habitadas por população civil, provocando a morte de civis, envolvendo crianças".

A ONU também denuncia o desaparecimento de muitos menores e culpa ambas as partes de ter dificultado a entrada de ajuda humanitária nas zonas mais afetadas pelo conflito.

Maus-tratos e torturas


O organismo também adverte que as crianças sofreram níveis altíssimos de angústia ao serem testemunhas da morte ou ferimento de familiares e amigos, por terem sido separadas de suas famílias ou ainda por terem sido deslocadas.

Segundo o relatório, menores de 11 anos foram presos pelas forças governamentais em ondas de detenções em massa por suposta associação com grupos armados. Outras crianças sofreram maus-tratos com o objetivo de ser humilhadas, confessarem algo ou servirem de pressão para que familiares se entregassem.

O documento também informa sobre outros atos de agressão contra as crianças: espancamentos com chicotes e paus de madeira e metal, simulações de execuções, queimaduras com cigarros, negação de sono, permanência em solitárias e exposição à tortura de familiares.

As Nações Unidas também mencionam "informação que afirma que há crianças que foram penduradas em paredes e tetos por seus pulsos ou extremidades, obrigadas a colocar sua cabeça, pescoço e pernas em um pneu enquanto eram espancadas".

A ONU afirma que recebeu denúncias sobre agressões sexuais realizadas pela oposição, mas declara no relatório que não pôde investigá-las por falta de acesso ao local.

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