Agência France-Presse
postado em 05/02/2014 19:04
Lisboa - Portugal mantém sua intenção de vender no "curto prazo" os 85 quadros do pintor espanhol Joan Miró, que teve seu leilão na Casa Christie;s londrina suspenso no último minuto na terça-feira (4/2), garantiu o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.De acordo com o premier, em conversa com os jornalistas em Lisboa, manter esses quadros em Portugal terá um custo para o Estado português, "que não tem os 30 ou 40 milhões de euros necessários para investir nessas obras".
Na terça-feira, a Christie;s anulou o leilão organizado pelo governo português.
[SAIBAMAIS]"A venda de 85 obras de Joan Miró foi cancelada como resultado de uma disputa em uma corte portuguesa, da qual a Christie;s não é parte (envolvida)", declarou a Casa.
"As incertezas legais criadas por essa disputa em curso significam que não podemos oferecer as obras para venda com toda a segurança", acrescentou a Christie;s.
Um grupo de deputados do Partido Socialista, principal força de oposição ao governo de centro-direita, recorreu à Justiça para que as telas não sejam vendidas, depois de esgotarem todas as possibilidades no Parlamento.
O tribunal administrativo de Lisboa rejeitou a suspensão cautelar da venda, conforme solicitado pela Procuradoria, mas destacou "irregularidades" na saída dos quadros do país.
O primeiro-ministro disse que as irregularidades são de responsabilidade da casa de leilões.
A Christie;s "tinha a responsabilidade de organizar tudo: o pedido de exportação das obras, os seguros, o transporte dos quadros e seu leilão", afirmou Passos Coelho.
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"Com sua experiência, deveriam ter tomado mais precauções", criticou o chefe de governo, explicando que os quadros de Miró "terão de voltar para Portugal para que sua futura exportação possa respeitar os termos da lei".
A nova data do leilão ainda não foi estabelecida, disse o premier, acrescentando que poderá ser pela Christie;s, ou por outra casa de leilão.
A Christie;s estimou o valor das obras do artista de Barcelona (1893-1983) em 30 milhões de libras (36,4 milhões de euros).
A decisão do governo de vender as 85 obras para reforçar os cofres públicos causou polêmica nos círculos culturais. Milhares de assinaturas foram coletadas on-line para exigir que a coleção - propriedade do Estado desde a nacionalização do banco BPN em 2008 - fique em Portugal.