Agência France-Presse
postado em 06/02/2014 17:14
A congregação ultraconservadora Legionários de Cristo pediu nesta quinta-feira (6/2) um perdão coletivo pelos comportamentos graves e imorais cometidos por seu fundador, o mexicano Marcial Maciel, condenado por abusos sexuais."Queremos expressar nosso profundo pesar pelos abusos contra seminaristas menores de idade, pelos atos imorais com homens e mulheres adultos, pelo uso arbitrário de sua autoridade e de bens, pelo consumo desmesurado de medicamentos que causam dependência e pela apresentação de escritos publicados por terceiros como sendo próprios", indica um pedido oficial de perdão feito pelo movimento católico, que expressa também sua solidariedade para com as vítimas.
A congregação, que desde o início de janeiro tem feito uma série de reuniões para decidir seu futuro, elegeu como novo diretor-geral o mexicano Eduargo Robles Gil, de 61 anos, um dos membros da comissão de ajuda às vítimas de Maciel, que faleceu em 2008.
Para muitos legionários, principalmene os mais jovens, era urgente um pedido coletivo de perdão às vítimas de abuso sexual e psicológico afetadas por Maciel nos seus 60 anos de vida religiosa.
O grupo conservador, fundado em 1941, conseguiu ocultar por décadas as denúncias contra seu líder, contando com a proteção de membros da alta hierarquia do Vaticano durante o pontificado de João Paulo II (1978-2005), que considerava os legionários um exemplo de virtude católica e ignorou por anos as denúncias.
A declaração histórica, que contém dez pontos, rompe de forma clara e direta com Maciel, reconhecendo como uma "incoerência incompreensível" que ele tenha sido um padre por décadas e "reprova firmemente" seu comportamento.
Depois da morte do padre, que tinha sido condenado ao silêncio pelo papa Bento XVI em 2008, foram descobertos outros crimes cometidos por ele, como o abuso de filhos que tinha tido com duas mulheres e seu vício em morfina.
No comunicado, os legionários reconheceram que se trata somente "do início de uma caminhada", e afirmam que "há muito a ser feito".
"Tudo isso exige não só uma mudança nas regras, como também uma conversão contínua de mente e coração", concluem.