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Centenas de civis sírios são resgatados de Homs esgotados pela guerra

O conflito já deixou mais de 136.000 mortos em quase três anos

Agência France-Presse
postado em 09/02/2014 16:09

O conflito já deixou mais de 136.000 mortos em quase três anos

Damasco - Centenas de civis sírios foram retirados neste domingo dos bairros sitiados da cidade de Homs, apesar da violência que prejudicou a primeira operação humanitária em 20 meses nesta região devastada pela guerra.

Este esforço humanitário acontece na véspera da segunda rodada de negociações entre o regime e os rebeldes sírios sob a égide da ONU em Genebra, dez dias após uma primeira tentativa que não resultou em medidas concretas para acabar com o conflito, que já deixou mais de 136.000 mortos em quase três anos, segundo uma ONG.

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[SAIBAMAIS]Após a retirada na sexta-feira de um primeiro grupo de 83 civis, em cumprimento ao acordo concluído entre rebeldes e regime por intermédio da ONU, 420 civis, todos "mulheres, crianças e idosos", deixaram os bairros da cidade velha de Homs (centro).

Segundo o governador da província de Homs, Talal Barazi, a operação foi dificultada por um morteiro que caiu sobre os bairros sitiados pelo exército desde junho de 2012, e que matou "cinco homens", segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Além disso, o Crescente Vermelho sírio anunciou a distribuição "de 250 pacotes de alimentos, 190 kits de higiene e remédios para doenças crônicas", acrescentando que todos os seus funcionários e os da ONU conseguiram deixar Homs sem ferimentos.

A organização não apontou nenhuma das partes em conflito como responsável pelo ataque ao comboio humanitário.

A ajuda foi entregue em áreas de Homs controladas pelos rebeldes e sitiadas pelas tropas do regime sírio há mais de 600 dias.

Desde sábado, as duas partes em conflito se acusam mutuamente de violar o cessar-fogo de três dias e de atacar os comboios de ajuda humanitária.

As imagens da televisão estatal síria mostravam o estado de extremo cansaço dos civis resgatados neste domingo.

Muitas mulheres, crianças e idosos deixaram os bairros sitiados de ônibus, visivelmente esgotados, segundo as imagens exibidas pelo canal Al-Mayadeen, baseada em Beirute.

Eles foram auxiliados por funcionários da ONU, com capacetes e coletes azuis, e do Crescente Vermelho sírio, sob os olhares dos militares sírios.

Nas imagens também é possível ver crianças pálidas, algumas com os olhos fechados, carregadas pela mãe ou pai.

"Faltava tudo, todas as crianças estão doentes, não tínhamos nem mesmo o que beber", afirmou uma mulher, mostrando sinais de extrema fadiga, cercada por seus três filhos.

Neste contexto, a ONU denunciou a violação da trégua, durante a qual deveriam acontecer as operações de evacuação e fornecimento de ajuda urgente para aqueles que decidiram ficar na região.

"O acordo entre o regime e os rebeldes (...) foi violado. O cessar-fogo foi violado de maneira odiosa", denunciou o coordenador humanitário da ONU na Síria, Yacoub El Hillo, em declarações lidas à imprensa.

A trégua iniciada na sexta-feira deveria valer até este domingo à noite.

Mas no sábado, tiros contra um comboio de ajuda do Crescente Vermelho sírio fizeram cinco mortos e cerca de 20 feridos entre os habitantes.

A chefe das operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, expressou em um comunicado sua "decepção" após a violação da trégua, insistindo que as Nações Unidas irão continuar a "se esforçar o máximo possível para levar ajuda para aqueles que necessitam".

"Esperamos que mais ajuda possa entrar na cidade e que os civis possam ser retirados em segurança, mas não sei se isso vai acontecer. Tememos novos bombardeios", declarou à AFP o ativista Abu Bilal, acrescentando que os ataques de ontem "deixaram 20 feridos, e não temos medicamentos suficientes para tratá-los".

Enquanto as operações continuam, bem como os confrontos no campo de batalha, o regime e a oposição se preparam para se reunir novamente em Genebra sob os auspícios do mediador internacional Lakhdar Brahimi, em uma nova tentativa de aproximar duas posições irreconciliáveis.

O regime rejeita qualquer discussão sobre a saída do presidente Bashar al-Assad e insiste em tratar do "terrorismo", referindo-se à rebelião, enquanto, para a oposição, a questão da transição política sem Assad é primordial.

A delegação do governo sírio, conduzida pelo ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, já chegou em Genebra para participar da segunda rodada de negociações.

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