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Em Genebra, ONU retoma negociações sobre conflitos na Síria

O mediador da ONU recebe separadamente os representantes da oposição e do governo com o objetivo de reuni-los à mesma mesa



Ao final de uma difícil primeira rodada de negociações, Brahimi admitiu que os resultados eram modestos, e que a principal conquista era reunir as duas partes em conflito para discussões. O mediador prometeu um diálogo mais estruturado nesta segunda rodada, que deve se estender até sexta-feira. Única questão concreta deste diálogo, a ONU tenta firmar uma "medida humanitária de confiança", um acordo entre a oposição e o governo para ajudar a população da cidade velha de Homs, sitiada desde 2012.

Neste último final de semana, mais de 600 civis foram retirados dos bairros sitiados da cidade com a ajuda da ONU, apesar dos disparos contra os comboios humanitários. Uma equipe da ONU e do Crescente Vermelho sírio levaram adiante esta primeira operação humanitária em 20 meses graças a um cessar-fogo de três dias decretado sexta-feira, mas que foi violado no sábado.

Um novo grupo de civis deve ser resgatado nesta segunda-feira dos bairros rebeldes de Homs, a terceira maior cidade do país, indicou à AFP um funcionário do Crescente Vermelho sírio. "Hoje iremos prosseguir com a retirada de civis", como parte do acordo concluído sob a égide da ONU, indicou. "Os civis vão sair pelas passagens já utilizadas ou por novas passagens", acrescentou.

"Uma reunião entre os representantes da ONU e o governador de Homs, Talal Barazi, está em andamento. À princípio, o cessar-fogo foi prorrogado, e nós iremos tentar resgatar os civis o mais rápido possível"declarou, acrescentando que "mantimentos serão entregues". A França, em associação com outros países, apresentará um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU para exigir um acesso humanitário à população civil nas cidades cercadas da Síria, segundo o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius.

"É absolutamente escandaloso que se discuta há tanto tempo e que a população continue sofrendo de fome todos os dias. Portanto, em associação com outros países, vamos apresentar uma resolução neste sentido", afirmou Fabius à emissora de rádio RTL. Segundo as informações divulgadas no domingo pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), mais de 300 pessoas morreram nas últimas 24 horas em meio aos combates que prosseguem sem cessar no país.

Além disso, o OSDH anunciou que o grupo jihadista do Estado Islâmico no Iraque e Levante (EIIL) se retirou da província petroleira de Deir Ezzor, no leste da Síria, depois de combates contra as brigadas rebeldes. "O EIIL se retirou de toda Deir Ezzor depois de combates contra a Frente al Nosra [afiliado à Al-Qaeda] e uma dezena de brigadas rebeldes que atacaram as posições do grupo e prenderam dezenas de membros", o OSDH, que dispões de uma ampla rede de fontes civis, médicas e militares em todo o país. O conflito na Síria já deixou mais de 136.000 mortos em quase três anos, segundo uma ONG.