O ministro das Relações Exteriores, Didier Burkhalter, viajará nos próximos dias a Berlim, na primeira etapa de uma viagem pela Europa para tratar do assunto. No domingo, os suíços aprovaram por uma maioria apertada (50,3%) o texto "Contra a imigração em massa", de iniciativa do partido UDC (direita populista), e que significa concretamente o fim do acordo de livre circulação de pessoas assinado com a UE em 2002.
O texto determina que o país deve administrar de forma autônoma a imigração de estrangeiros e estabelecer cotas anuais para os trabalhadores, em função "dos interesses econômicos globais da Suíça, e respeitando a preferência nacional".
O resultado da votação causa "problemas consideráveis", segundo Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel. "O governo federal tomou conhecimento do resultado e o respeita, mas, do nosso ponto de vista, está claro que causa problemas consideráveis", declarou Seibert.
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As autoridades suíças reagiram com pragmatismo, anunciando que o governo apresentará até o final do ano no Parlamento um projeto de lei que retomará as principais disposições do texto aprovado.
"Vamos agir rapidamente e de forma consequente", afirmou no domingo a ministra da Justiça, Simonetta Sommaruga, na presença de todos os membros do governo.
Segundo o ministro Burkhalter, "o sistema suíço se baseia no fato de que a população deve decidir o que quer, e o governo tem que implementar a decisão popular da melhor maneira possível para o país, mesmo que seja a favor de uma outra solução".
Em 2013, a Suíça teve um crescimento de aproximadamente 1,9%, enquanto a zona do euro teve um índice de -0,45%. "Nada mudará a curto prazo na Suíça. Os acordos de livre circulação seguem vigentes, existe um plano de três anos para instaurar as cotas", explicou à AFP Daniel Kalt, da empresa UBS.
Segundo ele, a votação não terá reflexo imediato na situação econômica do país. "No entanto, existe um risco indireto ligado ao clima de incerteza política no país, e agora os investidores terão dúvidas em vir para Suíça", acrescentou.
Números divulgados de janeiro mostram queo desemprego no país é de 3,5%, contrastando com os 12,1% da zona do euro. As autoridades devem se reunir com a Comissão Europeia "para explicar o que o povo decidiu", informou à AFP Valentin Vogt, presidente da Federação de Empregadores Suíços.
"Também devemos começar a negociar com a UE sobre a livre circulação de pessoas (...) e encontrar juntos uma solução", disse. A principal consequência da votação de domingo será um "longo período de incerteza sobre o que acontecerá, se vai haver ou não um acordo (com a UE) e quais serão os efeitos", explicou.