Sochi - Nas montanhas imponentes de Sochi, as forças especiais e os mísseis de defesa anti-aérea que integram o esquema de segurança para os Jogos Olímpicos de Inverno se confundem com paisagens de picos, pistas enevoadas e anéis olímpicos.
Homens com trajes camuflados em meio à neve surgem a pouca distância de pequenas barracas brancas, entre as árvores, perto das pistas de esqui dos Jogos.
O visitante que descer do teleférico, a cerca de 1 mil metros de altitude na estação de Laura, onde são disputadas as provas de esqui de fundo e biatlo, pode ver uma bateria de mísseis e um radar junto às barracas militares.
É preciso avançar até uma barreira e olhar com atenção para perceber essas instalações que muitos espectadores que utilizam o teleférico para assistir às provas esportivas não veem.
[SAIBAMAIS]Quem percebe parte do aparato montado geralmente acaba imortalizando a vista com uma foto no celular ou no tablet. Outros nem chegam a notar, como dois jovens que se fotografavam com as montanhas sem saber que os mísseis estão no fundo.
O vice-primeiro ministro russo, Dimitri Rogozin, anunciou no final de 2013 que, para garantir a segurança dos Jogos, seriam utilizados em Sochi novos sistemas de mísseis terra-ar Pantsir-S, destinados à proteção de instalações militares e civis (centrais nucleares, grandes fábricas).
Foram adotadas medidas sem precedentes na história olímpica para garantir a segurança destes Jogos, diante da ameaça de atentados de radicais islâmicos do Cáucaso do Norte, região de pequenas repúblicas instáveis, a poucas centenas de quilômetros de Sochi.
Os inúmeros policiais, militares e agentes especiais espalhados pela montanha vigiam discretamente as instalações olímpicas.
"Militares escondidos"
Somente alguns militares e um caminhão com as siglas FSB Russia (Serviço Federal de Segurança, ex-KGB) podem ser vistos mais abaixo da montanha, a poucos metros do complexo de biatlo.
"Há muitos militares escondidos na montanha", disse à AFP um funcionário de uma empresa pública russa. Antes do início dos Jogos, esses militares eram mais visíveis.
Nas ruas, a circulação é restrita e controlada desde 7 de janeiro, um mês antes da inauguração. Na montanha, os policiais fazem a ronda em intervalos regulares e vigiam o trânsito da única estrada que leva a Rosa Jútor, onde são disputadas as provas de esqui alpino, freestyle e snowboard.
Trata-se de um itinerário muito frequentado, mas a grande maioria dos veículos é composta por ônibus e carros da própria organização.
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Para chegar às instalações, todos os visitantes devem passar por detectores de metais e passar por revistas, que, em alguns casos, são mais rigorosas que nos aeroportos.
Outra prova de discrição é o fato de os policiais encarregados da segurança usarem os uniformes roxos da organização, dando a impressão de que podem ser voluntários dos Jogos.
Os veteranos de competições olímpicas consideram que a segurança não parece ser mais ostensiva do que em Londres-2012 ou Vancouver-2010.
As rígidas medidas de segurança causam longas filas nas principais vias que conduzem às sedes olímpicas e nas rodoviárias da cidade.
"Os controles são duros, mas são bem feitos", declarou à AFP Jon Fanebust, um norueguês com o rosto pintado com as cores de sua bandeira nacional, que entrou em um ônibus na estação "Vila Olímpica" para chegar à montanha.
A porta-voz da organização recomendou que os espectadores cheguem com antecedência para passar pelos controles de segurança sem perder o início das provas.