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Irã se diz disposto a negociar acordo nuclear, mas não baixa a guarda

"Irã está disposto a iniciar negociações com o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, China, Alemanha, França, Reino Unido e Rússia) para alcançar um acordo global e definitivo", declarou Rohani

Agência France-Presse
postado em 10/02/2014 16:49
Teerã - O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou nesta segunda-feira (10/2) que seu país está disposto a negociar um acordo global com as potências sobre o programa nuclear, mas negociadores do país deixaram claro que há limites, uma semana antes de uma nova rodada de negociações em Viena.

"O Irã está disposto a iniciar negociações com o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, China, Alemanha, França, Reino Unido e Rússia) para alcançar um acordo global e definitivo", declarou Rohani a um grupo de embaixadores estrangeiros em um discurso transmitido ao vivo pela TV estatal.

Pouco antes, os negociadores iranianos lembraram as "linhas vermelhas" do Irã, entre elas as questões de defesa e o fechamento de usinas nucleares.

[SAIBAMAIS]As negociações, previstas para os dias 18 e 19 de fevereiro, prometem ser difíceis para a obtenção de um acordo global que garanta a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano.

As atividades nucleares iranianas estiveram no centro das preocupações internacionais nos últimos dez anos. Alguns países ocidentais e Israel temem que ocultem um objetivo militar, apesar de Teerã desmentir reiteradamente essas acusações.

"Somos sérios a respeito desta questão, como já éramos nos primeiros passos da negociação", declarou Rohani, referindo-se ao acordo assinado em novembro, em Genebra.

As duas partes já tinham concluído no mês de novembro, em Genebra, um acordo histórico. Na ocasião, o Irã aceitou paralisar por seis meses suas atividades nucleares, em particular o enriquecimento de urânio a 20%, em troca da suspensão parcial das sanções econômicas ocidentais. O Irã parou principalmente de enriquecer urânio a 20%, etapa importante para um nível militar (90%).

No domingo, o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) chegaram a um acordo sobre sete novos pontos de cooperação para melhorar a transparência do controverso programa nuclear, que deverão ser aplicados antes do dia 15 de maio.

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Teerã deverá, por exemplo, fornecer, pela primeira vez em anos, informações sobre o desenvolvimento de detonadores que podem ser utilizados na fabricação de uma bomba nuclear.

"Como nas negociações anteriores (...) não vamos permitir a abordagem de questões de defesa (que) representam a nossa linha vermelha", declarou Abbas Araqchi, vice-ministro das Relações Exteriores e chefe dos negociadores nucleares iranianos.

Recentemente, a subsecretária de Estado americana, Wendy Sherman, afirmou que a questão do programa de mísseis balísticos do Irã deveria ser abordada pelo grupo 5%2b1 para que uma solução global fosse alcançada.

O programa de mísseis balísticos do Irã preocupa os países ocidentais, principalmente aqueles com um alcance de 2.000 km, capazes de atingir Israel, e foi condenado por várias resoluções da ONU, acompanhado por sanções internacionais.

Irã testa mísseis

Justamente, nesta segunda-feira, às vésperas do 35; aniversário da vitória da Revolução Islâmica, o ministro da Defesa iraniano anunciou que o Irã "testou com êxito" dois novos mísseis.

"A nova geração de um míssil balístico de fragmentação e o míssil Bina terra-terra e ar-terra guiado a laser foi testada com êxito", disse o ministro Hosdein Dehgan, sem indicar seu alcance.

Já Majid Takhté Ravanchi, outro negociador nuclear iraniano, reiterou nesta segunda-feira que o Irã não aceitará o fechamento de "nenhuma de suas instalações nucleares".

Mas, para tentar "minimizar as inquietações" ocidentais sobre o eventual uso de plutônio para a construção de armas nucleares, Teerã está pronto para modificar os planos do reator de Arak para limitar a produção de plutônio.

E Ali Akbar Salehi, o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (OIEA), também afirmou que o Irã não abandonará o enriquecimento de urânio a 20%.

O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei - que tem a palavra final sobre as negociações nucleares -, "disse que não devemos desistir do nosso direito de enriquecer a 20%, porque este é um direito soberano do país", acrescentou.

Em qualquer caso, as autoridades iranianas acreditam que "as negociações serão difíceis". O chefe da diplomacia, Mohammad Javad Zarif, disse esperar que as discussões de Viena definam o caminho para futuras negociações.

"O maior desafio é a falta de confiança" em relação aos Estados Unidos, explicou. No entanto, o analista Ali Shabani considera que os progressos nas discussões com a AIEA podem servir aos interesses do grupo 5%2b1 .

"Este é um bom indicador da seriedade do Irã na busca de uma solução política e de que está pronto para responder a todas as questões pendentes" da agência da ONU, disse à AFP.

A AIEA quer determinar se o Irã tentou produzir uma bomba atômica antes de 2003 ou mais tarde. Em novembro de 2011, a agência afirmou que o desenvolvimento de detonadores era "motivo de preocupação" em razão de "sua possível aplicação em um dispositivo explosivo nuclear".

Ressaltando que o diálogo com a AIEA "depende do conduzido com o grupo 5%2b1, e não vice- versa", Shabani alertou para o risco de um "exagero sobre a importância do acordo", mesmo que permita "ao 5%2b1 vender mais facilmente as negociações para um público cético".

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