Agência France-Presse
postado em 10/02/2014 17:06
Madri - Um juiz espanhol emitiu nesta segunda-feira (10/2) uma ordem de prisão contra o ex-presidente chinês Jiang Zemin, acusado de ser um dos responsáveis por um suposto genocídio no Tibete nos anos 80 e 90.O juiz Ismael Moreno deu prosseguimento a uma decisão anterior da Audiência Nacional, alta corte espanhola, do dia 18 de dezembro, que pedia a prisão de Zemin e do ex-primeiro ministro Li Peng, por considerar que havia "indícios de sua participação" no caso.
O tribunal recordou resoluções da ONU que reconheciam que "as autoridades chinesas decidiram empreender uma série de ações" para "eliminar a existência do país tibetano, impondo a lei marcial, realizando despejos forçados, campanhas de esterilizações e torturas de dissidentes".
O caso foi aberto em 2006, com base no princípio da jurisdição universal, que desde 2005 permite à justiça espanhola julgar crimes contra a Humanidade, como genocídio, sempre que o caso não está sendo julgado no país em que o crime foi cometido.
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Neste caso, um dos responsáveis pela ação, o tibetano Thubten Wangchen, tem nacionalidade espanhola, e a justiça chinesa não abriu uma investigação sobre o ocorrido.
O processo foi apresentado pelo Comitê de Apoio ao Tibete (CAT) e pela fundação "Casa do Tibete", contra cinco autoridades chinesas, por "genocídio, crimes contra a Humanidade, tortura e terrorismo contra o povo tibetano".
A investigação passou a incluir o ex-presidente Hu Jintao em 2013, depois de ele perder sua imunidade diplomática ao deixar o cargo. A China protestou e pediu explicações ao governo espanhol. O bloco de parlamentares governistas apresentou um projeto de lei que restringe o conceito da jurisdição universal, em um ato muito criticado pela Anistia Internacional.