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Governo sírio fala de fracasso nas negociações sobre conflito

Negociações em andamento em Genebra estão "fadadas ao fracasso no atual estado das coisas", segundo ministro sírio

Francisco Francerle
postado em 11/02/2014 19:06

Genebra - Depois de dois dias de diálogo sem avanços, as negociações sobre o conflito sírio entre oposição e governo estavam em um impasse nesta terça-feira (11/2) em Genebra, com um ministro de Damasco considerando que no estado atual elas estão "fadadas ao fracasso".


O mediador da ONU Lakhdar Brahimi admitiu que este novo ciclo de discussões está tão "trabalhoso" quanto o primeiro realizado em janeiro, que permitiu que os representantes do regime e de parte da oposição se sentassem à mesma mesa pela primeira vez.

"Não estamos fazendo muitos progressos", admitiu o diplomata.

[SAIBAMAIS]Brahimi afirmou "ter toneladas de paciência", mas ressaltou que "o povo sírio não tem esta paciência" e que a busca por uma solução pacífica para o conflito deve ser acelerada.

Mas, para o ministro sírio da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, as negociações em andamento em Genebra estão "fadadas ao fracasso no atual estado das coisas".

Ele explicou em Damasco que o governo sírio tinha decidido participar da Conferência, sobretudo, "para romper um bloqueio político e midiático que dura três anos".

Para ele, a oposição foi à Conferência com o objetivo de "ganhar legitimidade".

A delegação do governo quer discutir a luta contra o terrorismo, enquanto a oposição defende a formação de uma autoridade governamental de transição, que também é exigida pelas grandes potências em Genebra I, em 2012.

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Para tentar acabar com o impasse entre as duas delegações, Brahimi pediu a todos que "façam deste processo uma realidade e ajudem a Síria a sair do pesadelo que seu povo vive há quase três anos", referindo-se, além das partes em conflito, à comunidade internacional, e em primeiro lugar, aos organizadores da Conferência, Rússia e Estados Unidos.

Protagonistas intransigentes


"Hoje também foi um dia perdido porque os representantes da coalizão (ndlr: opositora) insistem no fato de que não há terrorismo na Síria e eles não querem discutir isso", afirmou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Mokdad.

"Claramente, não houve progresso hoje. O regime se opôs a Brahimi, não permitindo a ele propor uma agenda aceitável pelas duas partes", considerou o porta-voz da delegação opositora Louay Safi.

"Não posso estabelecer uma agenda para pessoas que não querem. Não posso apontar uma arma para a cabeça deles", declarou Brahimi, admitindo sua impotência.

As discussões devem ser mantidas até sexta-feira e na próxima semana o enviado da ONU e da Liga Árabe irá a Nova York para prestar contas ao secretário-geral das Nações Unidas e ao Conselho de Segurança.

Na sexta-feira, será realizada uma reunião trilateral com os dois organizadores da Conferência, representados pelo vice-ministro russo Guennadi Gatilov e a secretária de Estado adjunta Wendy Sherman.

As operações humanitárias na cidade de Homs foram a única nota relativamente positiva revelada por Brahimi, mesmo que tenham sido suspensas por um dia, devido a questões logísticas, segundo autoridades locais.

"Homs pode ser chamado de êxito", considerou ele, referindo-se à retirada de 1.200 civis dos bairros da cidade síria cercados pelo Exército e ao fornecimento de produtos básicos por parte da ONU a uma população bloqueada desde 2012.

"Levamos seis meses para retirar algumas centenas de pessoas", lamentou o diplomata, ressaltando que os habitantes de muitas outras regiões cercadas ainda aguardam a chegada de ajuda humanitária. Brahimi saudou a coragem das equipes da ONU e dos voluntários do Crescente Vermelho sírio "que se arriscaram muito" nesta operação realizada em meio a disparos.

"O carro do representante da ONU na Síria foi totalmente destruído enquanto ele estava dentro", disse.

Um projeto de resolução sobre a situação humanitária na Síria, elaborado por países ocidentais e árabes, foi distribuído nesta terça de manhã aos 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU, apesar da oposição russa, indicaram diplomatas em Nova York.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, reafirmou que esse texto é "absolutamente inaceitável" para Moscou, um dos principais aliados do regime de Bashar al-Assad. "As ideias que foram apresentadas (...) são absolutamente inaceitáveis e contêm um ultimato para o governo" sírio, declarou Lavrov.

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