Agência France-Presse
postado em 12/02/2014 17:48
O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, reafirmou nesta quarta-feira (12/2) sua intenção de manter o seu "compromisso com a Itália" à frente do governo, apesar dos incessantes ataques do líder de seu próprio partido, Matteo Renzi, suspeito de querer ocupar o seu cargo.Letta apresentou seu plano "Compromisso Itália" após receber durante a manhã Matteo Renzi, líder do Partido Democrata (PD, esquerda), principal formação da maioria governamental, que o acusa regularmente de lentidão e falta de determinação.
A disputa chegou a ponto de os meios de comunicação italianos preverem uma "transferência" iminente de governo entre os dois homens.
"Eu sou um homem de instituições", declarou Enrico Letta durante uma coletiva de imprensa. "Romper com o meu compromisso de ação a serviço do país não faz parte do meu DNA".
Em uma clara referência ao seu rival, ele acrescentou: "Todos devem assumir suas responsabilidades. Cada um, especialmente aqueles que cobiçam o meu posto, devem fazê-lo abertamente, com as cartas na mesa".
Letta também defendeu suas ações, declarando-se "orgulhoso" de trazer o seu país de volta ao caminho do crescimento, "mesmo que pequeno", com uma dívida e um déficit em baixa.
Os dois se reuniram pela manhã por cerca de uma hora. O jovem prefeito de Florença, de 39 anos, que intensifica os ataques a Letta desde a sua chegada à liderança do principal partido de esquerda, deixou o Palácio Chigi evitando os jornalistas.
Letta, que luta para tirar o país da crise, acusou Renzi de "traí-lo", segundo relatos da imprensa.
Um acordo tácito entre os dois previa que o chefe do PD apoiasse lealmente o chefe de governo ao longo de todo o ano 2014.
"A impaciência de Matteo Renzi para se tornar chefe de Governo agora parece óbvia para mim", comentou ironicamente Paolo Romani, líder dos senadores da Forza Itália (FI), o partido de Silvio Berlusconi.
No entanto, a imensa maioria dos italianos, 68% segundo uma recente pesquisa, se opõem a essa "troca".
Um novo episódio desta novela está previsto para quinta-feira, durante a reunião da direção do Partido Democrata, que pode decidir a disputa entre os dois. Questionado sobre isso, Letta se limitou a dizer: "Vamos ver amanhã".