Agência France-Presse
postado em 13/02/2014 19:15
Os Estados Unidos e a Rússia prometeram ajudar a desbloquear a situação da Conferência de Paz Genebra II sobre a Síria, informou nesta quinta-feira o mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, depois de uma reunião com os representantes dos dois países."Eles prometeram que vão ajudar a desbloquear a situação para nós, tanto aqui, como em suas capitais e em outros lugares", declarou à imprensa o mediador. Depois de três dias de discussões em Genebra entre representantes sírios da oposição e do governo, a negociação chegou a um impasse e não houve reunião entre as duas partes nesta quinta-feira.
Brahimi se reuniu por mais de duas horas com o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Guennadi Gatilov, e com a secretária de Estado adjunta americana, Wendy Sherman.
Frente ao "fracasso sempre à espreita", Brahimi afirmou que "a ONU certamente vai fazer todo o possível, se houver possibilidade de avançar". "Mas se não for o caso, nós diremos", acrescentou.
"Não resolveremos nada nesta semana", alertou o diplomata, sem dar indicações sobre a agenda dos próximos dias. A princípio, esta sessão de negociações deve ser concluída na sexta-feira ou no sábado.
Brahimi não deu indicação sobre a forma da contribuição que pode ser dada pelas duas potências, que promoveram a Conferência, para sair do diálogo estéril que caracterizou as duas sessões de negociações, a de janeiro e a iniciada na segunda-feira.
O presidente americano, Barack Obama, deve se reunir na sexta-feira com o rei Abdullah II da Jordânia na Califórnia (oeste) para abordar principalmente a crise na Síria, antes de consultar Israel e a Arábia Saudita nas próximas semanas.
Atenções voltadas para Homs
Gatilov se reuniu na noite de quarta com o chefe da delegação do governo, o ministro das Relações Exteriores Walid Mouallem. Sherman deve ter um encontro durante esta noite com a delegação opositora.
Enquanto isso, as atenções permanecem voltadas para Homs, depois das arriscadas operações de retirada de moradores dos bairros em poder dos rebeldes cercados pelo Exército.
Os ocidentais exigiram nesta quinta a libertação dos homens detidos pelos serviços de segurança sírios quando deixavam o reduto rebelde da cidade.
A ajuda humanitária e a retirada de civis deve ser mantida durante a sexta.
De acordo com o governador de Homs, Talal Barazi, setenta homens com idades entre 15 e 54 anos foram liberados nesta quinta depois de terem sido submetidos a interrogatórios.
Segundo Barazi, 390 homens em idade de portar armas tinham sido detidos ao deixar os bairros sitiados, incluindo 81 que depois foram liberados.
No entanto, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e um militante no local, poucos foram liberados.
os feridos, que ainda estão na Cidade Velha, recusam-se a ser levados para hospitais mantidos pelas autoridades com medo serem sequestrados, segundo o militante identificado como Yazan.
1.417 pessoas retiradas
A manutenção de homens retirados da cidade em detenção levou os países ocidentais a exigirem que sejam libertados imediatamente.
[SAIBAMAIS]"O regime deve saber que o mundo inteiro acompanha com grande preocupação o que acontece em Homs e a situação dos homens retirados da cidade. Qualquer tentativa de mantê-los de forma arbitrária em detenção não será aceita", afirmou Edgar Vasquez, porta-voz do Departamento de Estado americano.
"O regime indicou que vai liberar os homens depois que forem submetidos a exames, e nós esperamos que mantenha seu compromisso", acrescentou.
No mesmo sentido, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, considerou "escandaloso que o regime sírio detenha e interrogue homens e jovens que foram retirados". "Precisamos de respostas urgentes sobre o destino que lhes foi reservado", acrescentou.
No total, desde 7 de fevereiro, 1.417 pessoas foram retiradas da Cidade Velha de Homs, em virtude de um acordo entre o regime sírio e os rebeldes negociado pela ONU. A organização estima que ainda haja 3.000 pessoas nessa área de 2 km2.
Na queda de braço entre os ocidentais, que apoiam a rebelião, e Moscou, fiel aliado de Bashar al-Assad, a Rússia apresentou um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU que não prevê ameaças de sanções contra o regime de Assad, ao contrário do projeto defendido pelos ocidentais e pelos países árabes.
Desde o lançamento das negociações de paz em Genebra no dia 22 de janeiro, o número diário de mortos nunca foi tão elevado em anos de revolta, com mais de 200 mortos por dia, segundo o OSDH.