Milhares de policiais foram mobilizados nesta sexta-feira (14/2) na capital da Tailândia para desalojar os manifestantes, que exigem a renúncia da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, de locais da cidade ocupados há semanas por eles.
Esta intervenção marca uma mudança inesperada na estratégia do governo, que havia preferido até o momento evitar os confrontos entre a polícia e os manifestantes durante esta crise, que já deixou ao menos dez mortos em três meses. Os policiais antidistúrbios retomaram na manhã desta sexta-feira as zonas próximas à sede do governo, onde os manifestantes não opuseram maior resistência, segundo jornalistas da AFP. O resultado da operação não estava claro.
Após a saída dos agentes, os manifestantes voltaram à região para reconstruir as barricadas desmontadas pela polícia. No entanto, o ministro do Trabalho, Chalerm Yubamrung, que supervisionava a operação, afirmou que os funcionários retomarão a partir de segunda-feira o trabalho na sede governamental depois de dois meses sem poder utilizá-la.
"Manifestantes, vocês devem voltar para casa", indicou o ministro em uma declaração televisionada, e afirmou que a primeira-ministra pediu para a polícia não utilizar a força. A intervenção policial terminou com apenas duas pessoas feridas em estado leve por uma explosão do que parecia ser um fogo de artifício, em um breve confronto entre agentes e manifestantes.
Leia mais notícias em Mundo
As forças de segurança também planejam liberar outros três locais, entre eles o ministério do Interior, de acordo com o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Parador Pattanatabut. "Nós recuperaremos o que conseguirmos e deteremos os líderes das manifestações", prometeu o funcionário, acrescentando que primeiro acontecerão negociações com os manifestantes. "Não se trata de reprimir os manifestantes, mas da aplicação estrita da lei", acrescentou.
Os manifestantes convocaram novos protestos a partir desta sexta-feira para pedir a renúncia da primeira-ministra Shinawatra, que enfrenta desde o outono passado um movimento nas ruas que a considera um fantoche de seu irmão, Thaksin, o ex-chefe do governo deposto por um golpe de Estado em 2006. O multimilionário, acusado de seguir governando o país através de sua irmã, continua sendo o principal fator de divisão do país, apesar de estar no exílio.
As massas rurais e urbanas desfavorecidas do norte e nordeste são fieis a Thaksin, enquanto as elites de Bangcoc o encaram como uma ameaça para a monarquia. Para tentar resolver a crise, Yingluck convocou eleições antecipadas no dia 2 de fevereiro. Mas os manifestantes, que querem substituir o governo por um conselho do povo não eleito, impediram a votação em 10% dos colégios eleitorais. Os 28 deputados que não puderam ser eleitos devido aos protestos impedem que o Parlamento tenha o quórum necessário de 95% para poder se reunir. Nestas condições, ainda não foi anunciado nenhum resultado, o que prolonga o mandato de um governo com poderes limitados e vulnerável a uma intervenção da justiça que, segundo os analistas, pode levar a um "golpe de Estado judicial".