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Nicolás Maduro apresenta plano para reduzir violência na Venezuela

O plano apresentado inclui o desarmamento da população, maior vigilância policial e "normas claras para a televisão".

Agência France-Presse
postado em 15/02/2014 12:31
O plano apresentado inclui o desarmamento da população, maior vigilância policial e

Caracas
- O presidente Nicolás Maduro anunciou um plano de pacificação contra a violência na Venezuela, que registra uma das maiores taxas de homicídios no mundo. O plano apresentado inclui o desarmamento da população, maior vigilância policial e "normas claras para a televisão".

"São dez linhas de ação que devem confluir na construção da paz e de uma autoridade pública com capacidade de proteger de verdade (...) Convoco todas as forças políticas, todos os governadores e prefeitos, todos os cidadãos", afirmou Maduro em um discurso feito na noite de sexta-feira na localidade de Calvário, oeste de Caracas.

Dessa forma, o plano inclui "o início de uma nova cultura comunicacional para a paz" que, segundo o presidente, estabelecerá "normas claras para todas as televisões venezuelanas, a cabo e aberta", acrescentou, sem dar maiores detalhes.

Na quarta-feira passada, durante as manifestações estudantis em Caracas e os distúrbios posteriores onde três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, o canal de notícias colombiano NTN24 saiu do ar. Na quinta-feira, Maduro alegou a interrupção da transmissão tratou-se de "uma decisão de Estado", depois de explicar que pretendia "gerar agitação de um golpe de Estado como o de 11 de abril (de 2002, contra o então presidente Hugo Chávez)".



[SAIBAMAIS] O plano também buscará melhorar o sistema de vigilância policial mobilizado no país com uma maior intensidade desde janeiro, depois do assassinato de uma ex-miss venezuelana.

Além disso, prosseguirá com o desarmamento da população e "a desmobilização de bandos violentos e criminosos", segundo Maduro, contemplado na lei de desarmamento promulgada em 2013 e que estabelece penas de até 20 anos de prisão para quem portar ilegalmente armas de fogo.

A esse respeito, a opositora Mesa da Unidade Democrática exigiu do governo o desarmamento dos "grupos ilegais armados" do chavismo, a propósito das denúncias feitas sobre sua presença com armas de fogo nas manifestações estudantis de quarta-feira.

Por outra parte, o presidente assegurou que as prisões venezuelanas, cenários de choques constantes entre bandos armados de presos que lutam pelo controle interno, serão incorporadas ao plano com a "conversão de todos os estabelecimentos carcerários em oficinas de trabalho, produção e educação obrigatórios".

Outra das linhas anunciadas foi a criação de uma brigada policial e militar "para investigar, combater e neutralizar grupos de narcotraficantes". Cifras oficiais falam que a taxa de homicídios na Venezuela registra 39 mortos para 100.000 habitantes. Mas a ONG Observatório Venezuelano da Violência calcula em 79 para 100.000 habitantes, a segunda mais alta do mundo, e calculou mais de 24.000 mortes em 2013.

Mais de mil estudantes voltaram às ruas de Caracas na sexta-feira para protestar contra o governo, de maneira pacífica, enquanto setores governistas preparam uma marcha "contra o fascismo" para este sábado.

Com bandeiras e cartazes contra a violência e contra o governo Maduro, centenas de estudantes se reuniram na Praça Altamira, no leste de Caracas, local habitual de protestos antichavistas. A multidão bloqueou várias ruas em homenagem aos companheiros mortos nos confrontos de quarta-feira e para pedir a libertação dos detidos.

Há 11 dias, grupos de estudantes e opositores ao governo iniciaram em diferentes cidades passeatas contra a insegurança, a inflação e a escassez de produtos. Na quarta, Caracas foi palco do maior protesto já realizado contra o presidente Maduro, que assumiu há dez meses, após a morte de Hugo Chávez. Os incidentes deixaram três mortos, dezenas de feridos, e mais de 100 pessoas foram detidas.

O presidente Maduro classificou a violência como um "golpe de Estado em desenvolvimento", referindo-se aos grupos de ultradireita ligados a alguns partidos da oposição. Esta, por sua vez, responsabilizou o governo pelos confrontos.

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